Total de Visitas

sexta-feira, 13 de maio de 2011

TEFÉ A CIDADE DAS PIZZARIAS

Sugiro que o nosso caboclo da região encete um projeto arrojado para criar Atum, com a finalidade de adicionar esse peixe nas pizzas fabricadas em Tefé (sic).




A história verídica que vou contar são fatos que acontecem, também, na maioria das cidades do interior do Amazonas e de outros estados do Norte onde acontecem coisas absurdas, justamente porque o povo está perdendo as suas raízes. Nas ultimas eleições, realizadas em Tefé, alguns correligionários (militantes partidários), viajaram para aquele município com o objetivo de apoiar nosso candidato. À noite, após o comício decidiram ir a um restaurante para degustar uma suculenta ‘Caldeirada de Tambaqui’, mas para surpresa de todos não havia qualquer restaurante aberto que vendesse comidas regionais. Foram informados pelo motorista do veículo que os transportavam que a única alternativa era jantar pizzas, pois na cidade existem em torno de 15 restaurantes especializados na comida italiana e, segundo relatos, esses locais nada deixam a desejar às casas de massas da nossa capital.
Imaginem uma gestante no oitavo mês morando em Tefé e desejar lá pela meia noite comer peixe, e pedir para o marido comprar um jaraquí frito com baião de dois. O pobre vai roer um osso para encontrar um boteco aberto, e quando encontrar ao pedir um peixe frito para o dono da birosca o mesmo responderá de forma desajeitada, meio sem graça: “Não temos. Serve uma lata de sardinha?”
Estamos entrando num aspiral sem fim de alienação típica porque o caboclo está perdendo suas características, suas raízes e o jeito simples de viver. E fica mostra para o mundo o nosso rosto caboclo querendo ser burguês. Falo isso como caboclo que sou, nascido nas beiras das barrancas de minha saudosa Òbidos, para quem não sabe fica no Oeste do Pará. Lá também estamos perdendo, ao longo do tempo, a forma de vida do amazônida, que tinha como marca maior a sua hospitalidade e simplicidade.
O ex-senador Evandro Carreira tem razão quando fala, com propriedade, que “deveríamos criar peixe em vez de gado, pois vivemos numa região aquática”. Aproveitando este sábio conselho, tenho uma observação a fazer: Diante do exposto sugiro que o nosso caboclo da região encete um projeto arrojado para criar Atum, com a finalidade de adicionar esse peixe nas pizzas fabricadas em Tefé (sic).
Ora bolas! Seria melhor, que fôssemos todos à merda, porque flutuaríamos à estibordo da civilização. Lá, no primeiro mundo, eles valorizam a sua cultura e ninguém vem lhes impor costumes. Enquanto aqui, na nossa aldeia renegamos, sempre que é possível, a nossa origem amazônica, o que deveria encher de orgulho nosso povo passa a ser, para muitos, uma vergonha ter nascido nestas paragens.
Por: Paulo Onofre Lopes de Castro
Jornalista (MTb 467) e Analista político e social






Nenhum comentário:

Postar um comentário