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quarta-feira, 27 de julho de 2011

ALVORADA EM ÓBIDOS




Praça da Matriz de N. Senhora de Santana, na cidade de Óbidos (PA). Foto: Alfonso Jimenez.

Era por volta de 7 horas da manhã do dia 26 de julho, em Óbidos, nesta data é comemorado o dia da padroeira do município, Nossa Senhora SANTANA, meu celular tocava insistentemente, enquanto eu estava levando meus filhos para a escola e nesse horário em Manaus, o engarrafamento é infernal. Decidi então parar no acostamento e atender ao telefone que tocava sem parar, foi quando do outro lado da linha uma pessoa gritava com voz afônica, me dizendo embravecida: pensei que não ia atender.
Para minha surpresa era o Otávio Xapuri, ou para os seus contemporâneos o ‘TOIA’, que me contava de forma entusiasmada o sucesso que estava sendo as festividades de Nossa Padroeira. Dizia que acabara de chegar da alvorada: uma festa que acontece na noite que antecede o dia 26 e vai até o dia amanhecer, onde participam geralmente os obidenses que visitam a cidade, que tem a oportunidade de  se encontrarem durante  o evento que; é  uma mistura de passeata e carreata. Confesso que diante do relato de meu amigo, senti-me com uma ponta de culpa por não ter me organizado para participar da festança.
Dizia meu eufórico amigo: daqui a pouco vou para rua, não posso perder o leilão que começa a partir da 11h, e quando os animais doados por pecuaristas da região são arrematados via de regra com valores muitos superiores do que o real e o arrecadado é repassado para que a Igreja possa manter suas obras de caridade no município.
Ao meu lado, meus filhos gritavam: vamos papai, senão chegaremos atrasados na escola.
Após atender ao Toia, pareceu-me que tinha começado a fazer uma viagem ao passado, quando nesse período não interessava o que acontecesse, mas uma certeza eu tinha: em julho iria à Óbidos  para assistir o Círio obidense, ou a festa de SAN’TANA.
Quando passamos a viver na cidade grande, onde a luta pela sobrevivência é titânica,  acabamos quase que esquecendo  as coisas simples de nossa vida, como a de viajar para Óbidos, pescar lá na pedra grande e reencontrar velhos amigos de infância como: Toia, Miguel Chaves, Botinho, Stelio, Every Aquino e outros.
Peço desculpas aos demais por não ter mencionados seus nomes, pois passaria uma manhã inteira para fazê-lo.
Lembrei então de meu pai, quando conversávamos sobre mudança de vida, com nossa  vinda para a cidade grande, ele fazia questão de enfatizar: - mudando de cidade, faremos com certeza outros amigos, mais estes jamais substituirão nossos amigos de  infância.
Diante de todas estas lembranças, me veio na memória uma entrevista que assisti há muitos anos com Clodovil Hernandes, na época grande estilista, que falava de sua infância em uma cidade pequena do interior, e enfatizava que lá, quando voltava, encontrava seus verdadeiros amigos, quando ao final da tarde sentava na calçada com sua velha professora, que lhe ensinou as primeiras letras do alfabeto, dizia que na simplicidade é que está as coisas mais bonitas, que está ali naquela pequena cidade,  e é uma forma de reencontrar com seus verdadeiros amigos.
E, vou programar e aglutinar alguns contemporâneos obidenses que residem em Manaus para, no próximo ano, participarmos da festa de SAN’TANA , como também da alvorada, por enquanto resta-me esperar ansiosamente.
Por: Paulo Onofre
Jornalista (MTb 467)
Jornal Tribuna de Óbidos  

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