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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

NATAL SEM IDENTIDADE



Bernardo Cabral, mais afoito do que eu, me disse: - então vamos logo, antes que termine. Fiz o meu prato de mau-educado e quando olhei o prato do namorado da  Zélia, o dito tava de cucuruta, um assombro.
No pandemônio do Centro de Manaus, abarrotado de vendedores ambulantes de toda ordem, mais parecendo uma daquelas peças cinematográficas, com Leonardo Di Caprio à volta com diamantes de sangue e mais o atraso de Serra Leoa, uma senhora der aspecto  guerreiro, olhar de arapapá e cintura de tabua, mas linda  pelo sorriso de 32 dentes alvos que todo amazonense possui, exclama para o filho de uns cinco anos mais ou menos: - cuidado com o carro Deivid,  e bebe logo essa coca cola , menino danado.
O curumim travesso, um autêntico ticuna de rosto, cabelo em pé que nem piaçava, bebe rápido a lata de coca cola e se acomoda entre a multidão natalina que faz compras no centro de nossa capital.
O garoto poderia chamar-se mundinho, tapioca, giju, ou Arsitiobaldo, mais não sei o quê, mas justamente seu nome é Deivid, e isso acontece também lá no murumurutuba e no resto do interior amazonense, o certo é que estamos perdendo a nossa identidade cabocla.
Certa vez estávamos na casa do deputado Nonato Oliveira, e íamos jantar uma tartarugada feita pela Lindimar, mulher dele e irmã do Lupércio, quando a anfitriã me segredou: “vão logo fazer o prato de vocês porque a tartaruga é pequena”. Olhei para o lado e sabendo que o Bernardo era apaixonado pelos pratos do dito quelônio, convidei-o à atacar a cozinha do negão que nesse tempo era candidato à governador do Estado. Bernardo Cabral, mais  afoito do que eu, me disse: - então vamos logo, antes que termine. Fiz o meu prato de mau-educado e quando olhei o prato do namorado da  Zélia, o dito tava de cucuruta, um assombro.
É que não tem petisco igual no mundo que supere a nossa tartarugada, o paxicá, o sarapatel, etc., pois bem comemos à vontade aquele manjar dos deuses inesquecível.
Hoje, internautas, estamos comendo hambúrguer regado a catchup e maionese, esquecemos de vez o tucupi, o arubé, e tem gente que nunca provou um creme de pupunha, ora bolas.
Deveria haver nas escolas pelo menos uma página que ensinasse às nossas crianças, as coisas da terra. Mas já que o Natal está na porta, rezamos para que o mundo não se acabe amanhã, como os embusteiros acreditam que os maias profetizaram, que tal uma ceia     com tambaqui assado na brasa, acompanhado daquele delicioso licor de cacau  que a tia Maroca fazia lá no beiradão do Paraná da Eva. Que saudade Tio Xandico!

Feliz Natal e Prospero 2013!

Alexandre Otto,
é poeta e membro
do Clube da Madrugada.
                                       
   

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