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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quem te viu e quem te vê

Nonato ainda consegue uma resultante mágica de mais de 216.000 votos.


O bairro de São Lázaro em peso apinhado num campo de futebol com mais de 10 mil pessoas se acotovelando num comício gigante em 92, para ouvir o discurso do então candidato a prefeito Nonato Oliveira, filiado ao Partido Liberal (PL).

O vice, empresário Djalma Castelo Branco, num sorriso de alegria indagava ao segurança: - E aí, Nonatão? O Nonato segurança que era penta campeão de Karatê, respondia: - É Maracanã!

Assim nascia talvez a candidatura política mais impactante e romântica das últimas décadas, Nonato Oliveira, o coração do povo. Nunca houve outro igual tão próximo à nossa gente, principalmente os mais pobres, mais sofridos. Multidões seguiam seus passos, tanto na TV, através de seu programa de larga audiência, O Repórter da Cidade, como nas caminhadas políticas, nas arruaças pelas ruas dos bairros como o mesmo costumava dizer.

Os mais próximos cochichavam quando o dito cujo não estava por perto: “o neguinho saltou de Carrapeta para Nelson Mandela”. Tal era a imensa identificação política que a massa tinha por ele. Certa vez, quando a Banda Impacto abria o comício tocando a música que era a trilha de abertura de seu programa televiso, a música de Roberto Carlos “Amigo de Fé”, surgiu um negão alto e fortão, sem camisa, erguendo o seu bebê à beira do palco e entregando o mesmo ao Nonato que num sorriso mostrou o bebezinho à multidão. Na sequência, uma senhora de idade, próxima do palco, desmaiou, balbuciando: “Nonato, Nonato! nosso irmão!” a emoção era tão grande que o comício acabava e o povo não queria deixar o campo, e o Nonato era carregado pela multidão.

Sem um tostão furado, sem militantes, e infra-estrutura eleitoral, a coligação conseguiu eleger 4 vereadores, e o candidato liberal, liso e confiado, postulou-se como a terceira força política de Manaus.

Veio a eleição de 94, Nonato saiu pra governador. A multidão novamente acompanha o candidato do PL, numa candidatura emergente e de Oposição que agrega Serafim Correia, Felix Valois, Lucia Antony, Eron Bezerra, Vanessa e tantos outros campeões de votos. O Coração do Povo, novamente surpreende, em Manaus suplanta Amazonino Mendes, que ganha a eleição com os votos do interior. E Nonato ainda consegue uma resultante mágica de mais de 216.000 votos. Uma resposta do povo, estritamente sentimental e apaixonada, pois enquanto Amazonino tinha mais de 2.000 militantes e ativistas, Nonato tinha eu, na direção da campanha e alguns gatos pingados distribuindo santinho e mais nada.

Causou perplexidade a população quando viu na campanha para o segundo turno da eleição o Nonato ao lado de Eduardo Braga, Alfredo, nas caminhadas pelos bairros de Manaus, ai começou sua derrocada política daquele que despontava como grande liderança em nosso Estado, o povo se sentiu traído por Nonato e não perdoou, a partir de fato jamais foi eleito a qualquer cargo eletivo.

O povo é sábio. Assim aconteceu com o Botinelly (Pau Neles, meu povo! Você lembra,), o Erasmo Amazonas, o Jota Aquino, o Evandro Carreira (O único que se manteve puro - não sei por que nossa gente o esqueceu?), O Zé Fernandes, aconteceu também com o Nonato. O Paulo Onofre me dá a informação de que na última eleição municipal em Presidente Figueiredo, ele, o mais fantástico campeão de votos, teve em torno de 100 votos para vereador, e não se elegeu na Terra das Cachoeiras.

É bom que alguns políticos negocistas ponham a barba de molho, pois o povo amazonense apesar de ter um bom coração, também é macaco velho em se tratando de política eleitoral.

Por: Alexandre Otto,

é publicitário, marketeiro e escritor,

membro do Clube da Madrugada.

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