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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Festas Juninas em Belém



         Tenho um amigo de diz que quanto mais o homem vai ficando velho a saudade da infância e adolescência aflora como uma ventania difícil de controlar.
         Falo isso porque um dia destes, meado do mês de junho, saía do trabalho e fui surpreendido com uma ligação telefônica de minha filha Jamile, que tem cinco anos que me pedia insistentemente para comprar uma caixa com foguetes que em minha infância conhecíamos como catolé, respondi de pronto que compraria.
        Passei então na loja comprei além do pedido que fora feito, um chapéu de palha e um CD com músicas juninas antigas que foram grandes sucessos nas décadas de sessenta e setenta, ao ouvi-las foi como se tivesse fazendo uma viagem de retorno a Belém do Pará.
        Da Cidade das mangueiras guardo lembranças maravilhosas quando era jovem e no mês de junho exatamente no dia 24, quando e comemorado o dia de São João, na rua em que morávamos fechávamos o quarteirão e enfeitávamos com palha de açaizeiro, coqueiro, bandeirola e tudo aquilo que pudesse colorir o ambiente.
        A partir da primeira quinzena daquele mês a garotada começava a ensaiar as várias danças que seriam apresentadas no evento. Aguardávamos aquela noite com ansiedade. Enquanto isso, as famílias se reuniam à noite para organizar e dividir as tarefas e se cotizavam para contratar o som, via de regra conseguimos trazer o melhor da época o FLAMENGO. A festa adentrava pela madrugada e naquela não havia o controle de decibéis. Quero esclarecer que quando se fala de tecnobrega parece que é algo recente, mas asseguro que não, talvez para os jovens da era da informática que não viveram os anos dourados, mas para a minha geração esse som não é novidade, e para os cinqüentões, meus contemporâneos, que o digam.
        No dia da festa passávamos o dia inteiro fazendo a ornamentação do local, ao final da jornada de trabalho estávamos cansados, mas prontos para a grande noite. Nas barracas seriam distribuídas as iguarias como aluá, tacacá, mingau de milho, sem esquecermos as várias fogueiras que eram feitas naquela rua.
        Era um evento esperado com ansiedade pelos moradores do bairro onde as famílias se confraternizavam, sem esquecermos que antes de começar o as festividades o Padre Inardo, pároco da Igreja dos Capuchinhos, celebrava a missa em homenagem ao Santo Casamenteiro, somente após o encerramento os grupos de danças iniciavam as apresentações.
Este ano, na noite de São João, reuni os vizinhos para tomarmos tacacá e comermos comidas típicas da época, mas para minha decepção poucos compareceram.
A maioria justificaram a ausência com as mais variadas formas. O certo é que conseguimos reunir um pequeno punhado de pessoas, que ao final agradeceram a minha iniciativa e ficamos programados para o próximo ano.
 É, meus amigos, para ser sincero fiquei um pouco decepcionado, pois a nossa festa não chegou nem de perto àquela de minha infância, mais fiz mea-culpa dizendo que devidos os meus afazeres deixei de lado algo que meu Pai dizia que é muito importante os amigos do bairro onde você mora.
 No próximo ano faremos, com certeza, em nossa rua uma grande festa em homenagem a Santo Antonio, procurarei estimular meus vizinhos e conscientizá-los o quanto e importante não deixarmos morrer essa cultura popular, e que também é uma oportunidade para nossas famílias se reuniram.       
Por: Paulo Onofre
Jornalista (MTb 467)
Analista Político e Social

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