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sexta-feira, 2 de maio de 2014

RODOVIÁRIA DE MANAUS, A CIDADE DA COPA ESTÁ LONGE DO ‘PADRÃO FIFA’





Terminal Rodoviário está abandonado e os passageiros têm dificuldade de embarcar em algumas plataformas em dias de chuva (Fotos: Valmir Lima)


Valmir Lima, da Redação
Manifesto nesta quinta-feira chamou a atenção para o grave problema do terminal rodoviário de Manaus, às vésperas da Copa


MANAUS – O estado de abandono em que se encontra o acanhado terminal rodoviário de Manaus, no bairro Flores, zona centro-sul da cidade, foi alto de um manifesto organizado pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol), na manhã desta quinta-feira (1º de Maio). Membros do partido, entre eles o pré-candidato ao governo, Abel Alves, distribuíram um documento intitulado “Manifesto Rodoviário – Em prol da Estação Rodoviária de Manaus”.
No documento, o partido afirma que a Rodoviária de Manaus é “um cartão postal sombrio do descaso das autoridades municipais e estaduais” e encontra-se em total abandono.
Não se trata de mero discurso de partido político. Funcionários das empresas, trabalhadores autônomos, funcionários públicos que trabalham no local dizem a mesma coisa: o estado de abandono se instalou no terminal rodoviário e nenhuma autoridade se sente responsável pelo local.
Não custa lembrar que a cidade de Manaus é uma das 12 sedes da Copa do Mundo da Fifa e receberá turistas vindos de estados vizinhos e até de países como a Venezuela, pela via terrestre, mas o terminal rodoviário está muio longe do “padrão Fifa” exigido nos estádios dos jogos do mundial.
“Eu espero que vocês nos ajudem, porque a situação está insuportável. Não temos mais a mínima condição de continuar trabalhando em um local como esses”, apelou o supervisor do Núcleo da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) no Amazonas, Wolfram Nery de Amorim. Ele reclama que em dias de chuvas fortes, as salas e o salão de embarque alagam, falta segurança, as plataformas estão destruídas e também alagam com as chuvas, impedindo a entrada dos usuários nos ônibus.
O serviço de limpeza está sendo feito por um casal, contratado informalmente pelo dono de uma banca de venda de bolas e outras mercadorias. Para pagar o casal, ficou estabelecida a cobrança de R$ 0,50 (cinquenta centavos) pelo uso dos banheiros. De acordo com o casal, que pediu para não ser identificado, são arrecadados em média R$ 100,00 por dia com o uso dos banheiros. O dinheiro é usado para pagar o casal e comprar material de limpeza. O dono da banca de bombons, que assumiu o comando da limpeza, também não quis se identificar, mas disse que fez isso porque não tinha quem fizesse a limpeza do local.
Abandono histórico
O abandono do terminal rodoviário é histórico, mas se agravou desde o ano passado, com a saída do local da Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), que ocupou o prédio por cerca de 30 anos. Durante o período em que esteve instalada no local, a SMTU era responsável pela segurança (mantinha agentes da Gurda Civil Municipal no local) e pela limpeza. Agora, a sala da administração da rodoviária está fechada.
Funcionários do local dizem que quando saiu, a direção da SMTU tentou devolver o prédio ao governo do Estado, mas o governo se recusou a recebê-lo porque estava em péssimo estado de conservação. Desde então, nenhum órgão da administração pública estadual e municipal se sente responsável pela rodoviária.
Reforma não saiu
O superintendente da SMTU, Pedro Carvalho, disse que a Prefeitura de Manaus iria reformar o prédio, mas para isso, precisava que o local fosse desocupado. “Para que ocorra a reforma, as empresas de ônibus e os vendedores precisam sair do local, mas não conseguimos junto ao governo do Estado um local para funcionamento provisório da rodoviária. Por isso a reforma não foi feita”, disse Carvalho. O custo da reforma, segundo ele, seria de R$ 3,5 milhões.
Ele afirma que há disposição da Prefeitura de Manaus para reformar o local, mas depende da ação do Estado. Segundo ele, há um projeto do Estado para fazer um terminal rodoviário em outro local, porque aquele seria insuficiente para a demanda. “É uma pena que uma obra de tão pouco valor a gente não tenha conseguido, porque não houve interesse nem das empresas e nem do governo do Estado”.
Arsam só fiscaliza
O presidente da Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos do Estado do Amazonas (Arsam), Fábio Alho, disse que a instituição não é responsável pela administração do terminal rodoviário, e que apenas fiscaliza as empresas do transporte intermunicipal. Segundo Alho, no transporte intermunicipal há uma média de 3 mil passageiros por dia. Outros mil passageiros, em média, viajam para o Estado de Roraima ou para a Venezuela. Este serviço do transporte interestadual e internacional é fiscalizado pela ANTT.
O presidente da Arsam informou que recebeu a informação de que a Unidade Gestora da Copa (UGP-Copa) e a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) planejam uma reforma do terminal rodoviário para antes da Copa do Mundo da Fifa. “A informação que recebi é de que a reforma vai começar neste mês de maio e incluiria uma pintura, limpeza e reforma dos banheiros”, disse Alho. “O local realmente precisa de uma revitalização”, afirmou.

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