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quinta-feira, 21 de junho de 2012

A Santa Casa virou Fast Food



Quinze minutos após a ingestão daquelas duas bombas ninjas de bactérias, o gerente correu lépido e não sabia se cagava ou vomitava o dito. Nunca mais quis provar as guloseimas infectas.
Abandonada pelas autoridades amazonenses, principalmente pelas instituições do setor de saúde, que viraram de costas para o diagnóstico e tratamento da Santa Casa de Misericórdia de Manaus, é a única maternidade no Brasil que não teve, até hoje, um posicionamento real de reforma infra-estrutural. E ela tem história junto ao povo do Amazonas.
E quantos amazonenses da gema viram a primeira luz no espaço de sua maternidade? Tantos e tantos. Acontece que mesmo o vereador Mário Frota, edil incansável em buscar sua abertura para atender a população, principalmente os nossos irmãos ribeirinhos, que teriam sua proximidade da chegada dos barcos que vem do interior, como uma resultante pródiga e espacial lógica. Os outros pontos de atendimento de saúde ficam longe, excetuando-se aquele da Getúlio Vargas.
Mário cansou de bater na mesma tecla. A gota d’água bateu na pedra da sensibilidade política, mas não furou. Até a mídia omitiu-se de cacetear o cocuruto de uma sociedade alienada que está pegando a síndrome dos três macaquinhos.
E, o que é pior, agora inventaram de transformar o espaço da Santa Casa em Fast Food. Tem um intruso preparando bolinhos de polvilho e trigo sarraceno, recheado com corn beef, um petisco insólito, que em estilo dark, pode matar incautos comedores apressados de salgadinhos, acompanhados de suco de ameba. É isso mesmo, secretário de saúde e a quem de direito, dêem uma busca nessas instalações, que esse pessoal está querendo matar o povo do Amazonas envenenado.
E por falar nisso, relembro um velho vendedor do Lanche Mug, que era lá na praça da Matriz. O dono era o Belota, gente nossa. Nossa turma, Nestor Nascimento, Anibal Beça, Mário Antônio Shusman, Juiz Valdir Garcia, grande poeta Luis Bacelar, Maestro Dirson Costa, Novelino, Alfredo Fernandes, senador Áureo Melo, e outros mais eloqüentes, costumávamos bater um papo, e tomar ali um cafezinho amistoso.
Cetra vez o gerente do Mug, repreendeu um freguês que teria dito que o quibe servido estava passado, coisa logo retrucada pelo gerente que, na hora, comeu dois desses petiscos insalubres, num sorriso. Quinze minutos após a ingestão daquelas duas bombas ninjas de bactérias, o gerente correu lépido para o banheiro, não se sabendo se cagava ou vomitava o dito. Verde como uma folha de alface, no outro dia o gerente nunca mais se arvorou em provar tais guloseimas infectas que ainda hoje são servidas ali nas dependências da Santa Casa de Misericórdia. Non sense. Até Salvador Dali se arrepiaria com tanto surrealismo manauara. Alô Omar, vamos salvar a Santa Casa!

Alexandre Otto,
é poeta e membro do Clube da Madrugada.

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