“E O GATO
COMEU...”
Além do roubo, estes salteadores do nosso povo
deixam os municípios inadimplentes, impossibilitados de usufruir dos recursos
dos programas federais e muito menos conveniar novas ações com os entes
federados.
Ademir Ramos (*)
Andei circulando pelo interior do
Amazonas e pude ver de perto o desencanto dos moradores com alguns prefeitos
que meteram a mão no dinheiro do povo, deixando a conta das prefeituras
zeradas, acelerando ainda mais o sofrimento do povo. Além do roubo, estes
salteadores do nosso povo deixam os municípios inadimplentes, impossibilitados
de usufruir dos recursos dos programas federais e muito menos conveniar novas
ações com os entes federados.
O fato tem sido recorrente. O prefeito que ganha
quando vai assumir é uma dor de cabeça porque o que está na prefeitura não
comparece para passar as pastas ao seu sucessor. Tem prefeito que arrombou as
portas da prefeitura para poder iniciar os trabalhos e assim cumprir com o seu
dever. E depois de assumir começa a repetir os mesmo expedientes do anterior e
tudo parece ser normal para aqueles que não conhecem outra prática a não ser a
corrupção, o vício e apropriação indébita do patrimônio público.
E assim a Democracia se faz no chute e no grito sob
o mandonismo dos caciques políticos que se fazem representar no parlamento
estadual e no congresso nacional. Ainda mais quando contam com o apoio do poder
executivo estadual passam a afrontar até mesmo os órgãos de controle externo.
Para se safar dessas tramoias esses “caciques dos
beiradões” gastam os tubos junto à justiça, contanto que não percam a boquinha
para continuar mordendo o recurso público. É um verdadeiro circulo vicioso, empobrecendo,
sobretudo, o povo que além de excluído sente-se impotente frente às negociatas
armadas por esses larápios.
Imediatamente não se tem a quem recorrer com
ressalvas ao modus operandi da Controladoria-Geral da União (CGU), que
junto com a polícia federal, tem agido firme em cumprimento a sua missão. O
Ministério Público tem sido também um aliado importante, mas a médio e ao longo
prazo. Da mesma forma o Tribunal de Contas, este por sua vez tem sofrido de
toda forma de influencia, obliterando cada vez mais os seus objetivos, caindo
no pagode.
O que pesa muito mais ainda é o voto de cabresto
que ainda impera nos sertões do Brasil, não sendo tão diferente do nosso
Amazonas. Esta prática é que legitima o poder desses corruptos que não se
bastam apenas com o consentimento do povo, querem se perpetuar no poder direta
ou indiretamente elegendo filhos, mulheres e outros parentes consanguíneos,
deixando o povo desarticulado e cabisbaixo.
O poder legislativo, com ressalva, tem sido
puxadinho da prefeitura. E o dinheiro do povo que deveria ser aplicado em
políticas públicas é reduzido para satisfazer os apetites dos novos ricos, que
passam a usufruir de carros importados, lanchas potentes, compras de terrenos e
outras práticas ilícitas desenfreadas.
E no carnaval, os bacanas passam a cantar e dançar
no ritmo de “mamãe eu quero... mama” e se por acaso alguém lhe perguntar cadê o
dinheiro, então eles cantarão em coro que “o gato comeu...”, que o povo
exploda. E assim caminha nossa pobre e inculta Democracia.
(*) É professor, antropólogo e coordenador dos
projetos Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
Postado
por NCPAM às 15:58:00 Nenhum comentário:
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