Carnapauxis
em Óbidos é uma das festas de carnaval de rua mais populares do Brasil
O
carnaval de Rua de Óbidos, no gogo do Amazonas, no Estado do Pará, foi e
continua sendo uma grande onda; é maizena pra cá e pra lá, pintando de branco
os passantes para alegria dos mascarados foliões.
Ademir
Ramos (*)
Ainda hoje (2), eu, o “Fula-mulelu”, o Paulo
Onofre (Calango) e o Fernando Moura (Arigó) nos encontramos no restaurante do
Toti Tibinga, em Manaus, para “molhar as palavras” e fazer circular as
informações de nossa cidade querida, berço de José Veríssimo, Inglês de Souza,
Saladino, Mário Andrade, Maria Ramos, Manelito, Pelelé,Tereza Muda, Azamor,
Dona Cora, Dilseli, Denilson, Miguel Chaves, Max Hamoy, tia Cecília, o Arara, o
Mata-Onça e o tio Waldir, entre outros bambas, que nos lembram a mocidade,
fazendo crer que somos maior do que aparentamos ser porque nos projetamos no
mundo como sujeito de nossa história comunal alicerçada numa extensa rede de
amigos a se multiplicar nas plataformas virtuais da sociedade da informação.
Assim somos porque vivemos intensamente a
cultura do nosso povo. Lembro-me da paixão que a mamãe Zolima tinha pela
política, chegando ao ponto de participar dos comícios, contrariando a vontade
do velho Azamor. O papai, por sua vez, era pagodeiro, levava tudo na valsa,
vendendo o almoço para comprar a janta, mas nunca nos faltou o que comer porque
a mamãe fazia milagre multiplicando o pão. Só sei dizer que era muito trabalho
para sustentar o clã dos Ramos e seus agregados.
As tardes me deslocava para o curro
(matadouro) com o tio Waldir, que nos doava os miúdos dos animais abatidos,
contribuindo em muito com o nosso pão de cada dia. Lembro-me ainda das tardes,
do som da clarineta do Nascimento, tocando chorinho em seu quintal, imprimindo,
dessa feita, na alma lembranças indeléveis de minha feliz infância marcada pela
gratuidade e os afetos dos amigos da vizinhança, do Grupo Escolar José
Veríssimo e do nosso Colégio São Francisco, sob a batuta do Frei Edgar.
Na Rua Dr. Machado (na Prainha), onde
morávamos, vizinhança da Maria Ramos e da Tereza muda, o Sarau era constante,
em épocas juninas tínhamos o Pau-de-sebo, as fogueiras, as comidas típicas e
outras manifestações. A boa música era constante nos acordes do violão, no
saxofone e no “boca de ferro”.
Mas, o quente era o carnaval, que o tio
Waldir organizava, alugando os dominós (fantasia nos moldes do medievo),
fazendo as máscaras e vendendo as bexigas de boi para os mascarados, que
corriam atrás das crianças para bater nas cabeças. Numa dessas investidas, na
década de sessenta, ainda criança, decepei o pé no fundo de uma garrafa, sendo
cuidado pelo enfermeiro do Sesp.
O carnaval de Rua de Óbidos, no gogo do
Amazonas, no Estado do Pará, foi e continua sendo uma grande onda; é maizena
pra cá e pra lá, pintando de branco os passantes para alegria dos mascarados
foliões. A festa é o carnaval, mas, a alegria maior é o encontro entre amigos,
parentes e visitantes, confira e tecle enviando-nos as fotos
ademiramos@hotmail.com porque estarei ausente nas terras dos Pauxis, neste
reinado de Momo 2013(*).
Ademir Ramos É
professor, antropólogo e coordenador dos projetos Jaraqui e do NCAPM/UFAM
Foto: www.portalamazonia.com.br -