No último sábado, o deputado
federal Francisco Praciano, ao discursar durante confraternização do
aniversário do prefeito de Iranduba, Xnaik Medeiros, aproveitou a oportunidade
e, de uma forma sutil, deu um puxão de orelha no prefeito destrambelhado.
Começou contando a história da Revolução dos Bichos, do escritor do George
Orwell
“Escrita em plena Segunda Guerra Mundial
e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa
pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista
numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o
eixo nazifascista.
De fato, são claras as referências: o
despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os
eventos políticos - expurgos, instituição de um estado policial, deturpação
tendenciosa da História - mimetizam os que estavam em curso na União Soviética.
Com o acirramento da Guerra Fria, as
mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A
Revolução dos Bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes
como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo
e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a
utilização de sua fábula como panfleto.
Depois das profundas transformações
políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a pequena
obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico reducionista. Mais de
sessenta anos depois de escrita, ela mantém o viço e o brilho de uma alegoria
perene sobre as fraquezas humanas que levam à corrosão dos grandes projetos de
revolução política. É irônico que o escritor, para fazer esse retrato cruel da
humanidade, tenha recorrido aos animais como personagens. De certo modo, a inteligência
política que humaniza seus bichos é a mesma que animaliza os homens.
Escrito com perfeito domínio da
narrativa, atenção às minúcias e extraordinária capacidade de criação de
personagens e situações, A Revolução dos Bichos combina de maneira feliz duas
ricas tradições literárias: a das fábulas morais, que remontam a Esopo, e a da
sátira política, que teve talvez em Jonathan Swift seu representante máximo”.
Em seguida Praciano deu ao aniversariante o
seguinte conselho: "não faça aliança com gente que não presta Xinaik,
senão os seus bons propósitos de fazer a diferença na administração de
Iranduba, irão por águas abaixo”.
O prefeito da cidade dos sítios arqueológicos se
manteve o tempo todo cabisbaixo e escutava atentamente os conselhos do
experiente político.
Um grupo que estava no evento, saiu para um canto,
e balbuciavam: “não tem conselho que dê jeito nesse prefeito porque ele é um
caso perdido”, e em seguida saiu do local.
Pelo andar da carruagem nem os aliados acreditam o
prefeito. (Por Paulo Onofre).