Meu celular, comprei ontem - Filho da puta, não sei se o palavrão era
para o ladrão ou para a empresa que só dá fora de área. O ladrão sumiu em meio
à multidão.
Festa popular mais significante em Manaus e no
resto do Brasil, o carnaval perdeu a sua grandeza sociológica e histórica, pois
o elemento circunstancial que marca o fenômeno de sua protuberância como festa
pagã universal, criada lá na Grécia pelo cortejo de Dionísio, permeado pelo
reinado de Momo, chegando até nós com os Zés Pereiras da vida, ao som das
pastorinhas. Noel lá no rio, e aqui em Manaus, com o Brigue da Independência,
que a gente corria pra ver lá na Eduardo Ribeiro, nossa avenida primeira do
carnaval amazonense.
Lembro as Batalhas de Confete, o povo na rua
entupindo a avenida, e aquelas moças lindas e senhoras distintas, atirando nos
olhos do povo o charme ardido da lança de perfume.
Famílias com suas crianças, a paisana ou
fantasiadas, se divertindo a valer numa verdadeira folia que rimava com sadia,
porque Manaus já foi um grande centro metropolitano habitado por gente
civilizada, que brincava e deixava os outros brincarem sem o desconforto de ser
assaltada.
Uma balzaquiana simpática, saltando do ônibus,
abre espavorida a boca de madrepérola, belos dentes, e ruge a plenos pulmões,
como se fosse o grande poeta russo Mayacovski, declamando um poema libertário
nos ouvidos do mundo, coitada, vocifera: - Meu celular, comprei ontem - Filho
da puta, não sei se o palavrão era para o ladrão ou para a empresa que só dá
fora de área. O ladrão sumiu em meio à multidão. Ninguém deu uma rasteira no
pilantra. Isso é o carnaval de hoje por aqui e pelo resto do Brasil, apesar da
policia ter procurado fazer o melhor para dar segurança à população foliona.
Na noite de terça feira gorda, assaltaram um
banco na Teodureto, e eu continuo pedindo tolerância Zero, contra bandido. O
papa Xistp, um santo homem de paz, mandou matar todos os bandidos de uma cidade
italiana e acabou com a folia da canalha.
Será que será preciso eu convocar Os
Vingadores para que os ladrões sejam presos e exterminados, como o fez Sua
Santidade, para que Manaus, tenha um carnaval como nos velhos tempos?
Alexandre
Otto,
é poeta e membro do
Clube da Madrugada.