Terminal Rodoviário está abandonado e os
passageiros têm dificuldade de embarcar em algumas plataformas em dias de chuva
(Fotos: Valmir Lima)
Valmir Lima, da Redação
Manifesto nesta quinta-feira chamou a atenção para
o grave problema do terminal rodoviário de Manaus, às vésperas da Copa
MANAUS – O estado de abandono em
que se encontra o acanhado terminal rodoviário de Manaus, no bairro Flores,
zona centro-sul da cidade, foi alto de um manifesto organizado pelo Partido
Socialismo e Liberdade (Psol), na manhã desta quinta-feira (1º de Maio).
Membros do partido, entre eles o pré-candidato ao governo, Abel Alves, distribuíram
um documento intitulado “Manifesto Rodoviário – Em prol da Estação Rodoviária
de Manaus”.
No documento, o partido afirma
que a Rodoviária de Manaus é “um cartão postal sombrio do descaso das
autoridades municipais e estaduais” e encontra-se em total abandono.
Não se trata de mero discurso de
partido político. Funcionários das empresas, trabalhadores autônomos,
funcionários públicos que trabalham no local dizem a mesma coisa: o estado de
abandono se instalou no terminal rodoviário e nenhuma autoridade se sente
responsável pelo local.
Não custa lembrar que a cidade de
Manaus é uma das 12 sedes da Copa do Mundo da Fifa e receberá turistas vindos
de estados vizinhos e até de países como a Venezuela, pela via terrestre, mas o
terminal rodoviário está muio longe do “padrão Fifa” exigido nos estádios dos
jogos do mundial.
“Eu espero que vocês nos ajudem,
porque a situação está insuportável. Não temos mais a mínima condição de
continuar trabalhando em um local como esses”, apelou o supervisor do Núcleo da
Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) no Amazonas, Wolfram Nery de
Amorim. Ele reclama que em dias de chuvas fortes, as salas e o salão de
embarque alagam, falta segurança, as plataformas estão destruídas e também
alagam com as chuvas, impedindo a entrada dos usuários nos ônibus.
O serviço de limpeza está sendo
feito por um casal, contratado informalmente pelo dono de uma banca de venda de
bolas e outras mercadorias. Para pagar o casal, ficou estabelecida a cobrança
de R$ 0,50 (cinquenta centavos) pelo uso dos banheiros. De acordo com o casal,
que pediu para não ser identificado, são arrecadados em média R$ 100,00 por dia
com o uso dos banheiros. O dinheiro é usado para pagar o casal e comprar
material de limpeza. O dono da banca de bombons, que assumiu o comando da
limpeza, também não quis se identificar, mas disse que fez isso porque não
tinha quem fizesse a limpeza do local.
Abandono histórico
O abandono do terminal rodoviário
é histórico, mas se agravou desde o ano passado, com a saída do local da Superintendência
Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), que ocupou o prédio por cerca de 30
anos. Durante o período em que esteve instalada no local, a SMTU era
responsável pela segurança (mantinha agentes da Gurda Civil Municipal no local)
e pela limpeza. Agora, a sala da administração da rodoviária está fechada.
Funcionários do local dizem que
quando saiu, a direção da SMTU tentou devolver o prédio ao governo do Estado,
mas o governo se recusou a recebê-lo porque estava em péssimo estado de
conservação. Desde então, nenhum órgão da administração pública estadual e
municipal se sente responsável pela rodoviária.
Reforma não saiu
O superintendente da SMTU, Pedro
Carvalho, disse que a Prefeitura de Manaus iria reformar o prédio, mas para
isso, precisava que o local fosse desocupado. “Para que ocorra a reforma, as
empresas de ônibus e os vendedores precisam sair do local, mas não conseguimos
junto ao governo do Estado um local para funcionamento provisório da
rodoviária. Por isso a reforma não foi feita”, disse Carvalho. O custo da
reforma, segundo ele, seria de R$ 3,5 milhões.
Ele afirma que há disposição da
Prefeitura de Manaus para reformar o local, mas depende da ação do Estado.
Segundo ele, há um projeto do Estado para fazer um terminal rodoviário em outro
local, porque aquele seria insuficiente para a demanda. “É uma pena que uma
obra de tão pouco valor a gente não tenha conseguido, porque não houve
interesse nem das empresas e nem do governo do Estado”.
Arsam só fiscaliza
O presidente da Agência Reguladora
dos Serviços Públicos Concedidos do Estado do Amazonas (Arsam), Fábio Alho,
disse que a instituição não é responsável pela administração do terminal
rodoviário, e que apenas fiscaliza as empresas do transporte intermunicipal.
Segundo Alho, no transporte intermunicipal há uma média de 3 mil passageiros
por dia. Outros mil passageiros, em média, viajam para o Estado de Roraima ou
para a Venezuela. Este serviço do transporte interestadual e internacional é
fiscalizado pela ANTT.
O presidente da Arsam informou
que recebeu a informação de que a Unidade Gestora da Copa (UGP-Copa) e a
Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) planejam uma reforma do
terminal rodoviário para antes da Copa do Mundo da Fifa. “A informação que
recebi é de que a reforma vai começar neste mês de maio e incluiria uma
pintura, limpeza e reforma dos banheiros”, disse Alho. “O local realmente
precisa de uma revitalização”, afirmou.