Castro: “É importante para os pais que na hora de
escolher uma escola de ensino médio para seus filhos levem em consideração o
desempenho da escola”.
De maneira geral o Amazonas tem motivos para se preocupar, tanto na
rede estadual quanto na rede privada e, principalmente, na rede federal. Apesar
de alguns avanços o quadro geral causa muita preocupação.
Esta semana o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) divulgou o
resultado do ENEM por escola, rapidamente vários veículos de comunicação
correrão para fazer análises do resultado, é fato que algumas delas
extremamente equivocadas feitas às pressas sem nenhum rigor um pouco mais
técnico, contudo, a celeridade que a internet pede muitas vezes não combina com
o tempo necessário para uma análise mais apurada.
O maior
equivoco neste caso é o “Ranking” indiscriminado baseando-se somente na média
da escola. Uma análise mais apurada deve contemplar o número de alunos que uma
escola possui, pois produzir um bom resultado com um universo de 30 a 60 alunos
tem lá seus desafios, mas produzir para 200 a 300 alunos é muito mais
desafiador.
Outro fator
também chama atenção, em algumas escolas o ensino médio é seletivo, ou seja, só
entram alunos que passam por um processo de seleção, é mais ou menos como uma
“garimpagem” de bons alunos, forma-se a partir daí o que já foi batizado de
“tropa de elite” que tem como finalidade dar um resultado de destaque para a
escola.
É importante
para os pais que na hora de escolher uma escola de ensino médio para seus
filhos levem em consideração dois indicadores: o desempenho da escola
comparando-a com escolas do mesmo porte e a taxa de permanência do aluno no
ensino médio.
Uma escola que
tem bons resultados no ENEM e seus alunos tem 80% de permanência em seu ensino
médio, ou seja, fizeram a maior parte do ensino médio nessa escola, contribuiu
muito para o resultado do aluno uma vez que sua preparação ocorreu quase que
integralmente na instituição.
Em
contrapartida, escolas com bom resultado mas que seus alunos tem uma baixa taxa
de permanência no ensino médio podem ser
instituições que promovem a saída de alunos cujo rendimento não consideram
“adequado” e a entrada de bons alunos no segundo e terceiro ano principalmente.
Resultado do Amazonas
De maneira
geral o Amazonas tem motivos para se preocupar, tanto na rede estadual quanto
na rede privada e, principalmente, na rede federal. Apesar de alguns avanços o
quadro geral causa muita preocupação.
Em um
comparativo do desempenho no ENEM de todas as redes estaduais do Brasil, o
Amazonas fica em 22º Lugar. Vale ressaltar que em 2013 ficava em penúltimo, o
que mostra uma evolução no quadro.
Analisando os números percebe-se que a rede
estadual amazonense teve um aumento em sua média de cerca de 14,52 pontos, o
que foi superior ao aumento da média nacional das redes estaduais, que ficou em
8,6 pontos. Este aumento rendeu ao estado do Amazonas uma evolução em quatro
posições comparando-se o resultado de 2013 e 2014. Contudo, o Amazonas ainda
fica atrás de estados cuja realidade socioeconômica é semelhante ou até
inferior: Roraima, Alagoas, Rondônia, Pará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
MÉDIA
- REDE ESTADUAL - 2014
|
MÉDIA
- REDE ESTADUAL -2013
|
|||||
Estado
|
Média
|
Estado
|
Média
|
|||
1
|
São
Paulo
|
505,60
|
1
|
São
Paulo
|
498,21
|
|
2
|
Distrito
Federal
|
502,72
|
2
|
Rio
Grande do Sul
|
494,97
|
|
3
|
Rio
Grande do Sul
|
499,87
|
3
|
Minas
Gerais
|
490,20
|
|
4
|
Minas
Gerais
|
496,84
|
4
|
Distrito
Federal
|
488,99
|
|
5
|
Paraná
|
495,52
|
5
|
Rio
de Janeiro
|
486,67
|
|
6
|
Santa
Catarina
|
494,61
|
6
|
Paraná
|
484,54
|
|
7
|
Rio
de Janeiro
|
492,60
|
7
|
Santa
Catarina
|
483,32
|
|
8
|
Mato
G. do Sul
|
488,89
|
8
|
Pernambuco
|
479,31
|
|
9
|
Pernambuco
|
484,16
|
9
|
Mato
G. do Sul
|
475,91
|
|
10
|
Espírito
Santo
|
482,92
|
10
|
Rondônia
|
473,51
|
|
11
|
Rondônia
|
479,17
|
11
|
Goiás
|
472,55
|
|
12
|
Goiás
|
478,88
|
12
|
Espírito
Santo
|
471,44
|
|
13
|
Bahia
|
478,70
|
13
|
Bahia
|
470,39
|
|
14
|
Mato
Grosso
|
475,21
|
14
|
Pará
|
463,03
|
|
15
|
Pará
|
471,13
|
15
|
Mato
Grosso
|
460,77
|
|
16
|
Ceará
|
470,89
|
16
|
Paraíba
|
460,70
|
|
17
|
Paraíba
|
470,68
|
17
|
Ceará
|
459,99
|
|
18
|
Alagoas
|
468,17
|
18
|
R.
G. do Norte
|
457,27
|
|
19
|
R.
G. do Norte
|
468,12
|
19
|
Alagoas
|
456,04
|
|
20
|
Sergipe
|
467,48
|
20
|
Roraima
|
455,86
|
|
21
|
Roraima
|
466,37
|
21
|
Sergipe
|
454,73
|
|
22
|
Amazonas
|
465,58
|
22
|
Maranhão
|
453,52
|
|
23
|
Piauí
|
463,89
|
23
|
Piauí
|
452,58
|
|
24
|
Maranhão
|
462,22
|
24
|
Acre
|
452,37
|
|
25
|
Tocantins
|
461,31
|
25
|
Tocantins
|
451,78
|
|
26
|
Acre
|
461,21
|
26
|
Amazonas
|
451,06
|
|
27
|
Amapá
|
459,39
|
27
|
Amapá
|
446,46
|
|
Média
Nacional
|
487,88
|
Média
Nacional
|
479,28
|
A rede privada
também experimentou melhora saindo da 22ª para a 17ª posição, contudo, ainda
fica atrás de estados como: Acre, Roraima e Piauí, estados onde a média de
mensalidade praticada é inferior a do nosso estado.
|
MÉDIA
- REDE PRIVADA - 2014
|
MÉDIA
- REDE PRIVADA -2013
|
||||
Estado
|
Média
|
Estado
|
Média
|
|||
1
|
Minas
Gerais
|
585,10
|
1
|
Minas
Gerais
|
580,98
|
|
2
|
Santa
Catarina
|
568,24
|
2
|
Rio
Grande do Sul
|
565,95
|
|
3
|
Rio
Grande do Sul
|
566,70
|
3
|
Espiríto
Santo
|
563,57
|
|
4
|
Distrito
Federal
|
566,57
|
4
|
São
Paulo
|
563,48
|
|
5
|
São
Paulo
|
566,34
|
5
|
Santa
Catarina
|
563,44
|
|
6
|
Espiríto
Santo
|
564,97
|
6
|
Distrito
Federal
|
563,11
|
|
7
|
Paraná
|
559,90
|
7
|
Rio
de Janeiro
|
557,81
|
|
8
|
Mato
G. do Sul
|
559,29
|
8
|
Paraná
|
554,14
|
|
9
|
Rio
de Janeiro
|
558,64
|
9
|
Bahia
|
548,18
|
|
10
|
Piauí
|
554,43
|
10
|
Tocantins
|
546,66
|
|
11
|
Tocantins
|
552,47
|
11
|
Mato
G. do Sul
|
544,78
|
|
12
|
Bahia
|
550,84
|
12
|
Piauí
|
543,58
|
|
13
|
Goiás
|
549,34
|
13
|
Goiás
|
542,46
|
|
14
|
Roraima
|
547,39
|
14
|
Rondônia
|
539,13
|
|
15
|
Acre
|
546,68
|
15
|
Roraima
|
539,13
|
|
16
|
Ceará
|
545,03
|
16
|
Ceará
|
534,59
|
|
17
|
Amazonas
|
538,19
|
17
|
Acre
|
533,41
|
|
18
|
Rondônia
|
537,91
|
18
|
Mato
Grosso
|
532,96
|
|
19
|
Mato
Grosso
|
537,64
|
19
|
R.
G. do Norte
|
528,98
|
|
20
|
Sergipe
|
536,18
|
20
|
Sergipe
|
527,83
|
|
21
|
R.
G. do Norte
|
535,46
|
21
|
Paraíba
|
527,02
|
|
22
|
Pará
|
534,25
|
22
|
Amazonas
|
526,85
|
|
23
|
Pernambuco
|
534,22
|
23
|
Pernambuco
|
526,50
|
|
24
|
Paraíba
|
532,82
|
24
|
Pará
|
526,48
|
|
25
|
Maranhão
|
521,22
|
25
|
Maranhão
|
516,01
|
|
26
|
Amapá
|
518,72
|
26
|
Amapá
|
512,45
|
|
27
|
Alagoas
|
516,95
|
27
|
Alagoas
|
512,07
|
|
Média
Nacional
|
557,95
|
Média
Nacional
|
553,68
|
A maior
preocupação fica com a Rede Federal que pelo segundo ano consecutivo amarga o
segundo pior desempenho no ENEM. Veja o quadro a seguir:
MÉDIA
- REDE FEDERAL - 2014
|
MÉDIA
- REDE FEDERAL - 2013
|
|||||
Estado
|
Média
|
Estado
|
Média
|
|||
1
|
Espiríto
Santo
|
611,45
|
1
|
Mato
G. do Sul
|
632,25
|
|
2
|
Rio
de Janeiro
|
606,32
|
2
|
Rio
de Janeiro
|
611,72
|
|
3
|
Minas
Gerais
|
602,04
|
3
|
São
Paulo
|
603,28
|
|
4
|
Paraná
|
601,46
|
4
|
Minas
Gerais
|
594,60
|
|
5
|
Mato
G. do Sul
|
591,78
|
5
|
Paraná
|
592,82
|
|
6
|
São
Paulo
|
578,20
|
6
|
Distrito
Federal
|
567,27
|
|
7
|
Rio
Grande do Sul
|
577,80
|
7
|
Rio
Grande do Sul
|
566,11
|
|
8
|
R.
G. do Norte
|
575,37
|
8
|
Ceará
|
564,93
|
|
9
|
Santa
Catarina
|
573,74
|
9
|
R.
G. do Norte
|
555,33
|
|
10
|
Distrito
Federal
|
566,98
|
10
|
Bahia
|
552,47
|
|
11
|
Sergipe
|
565,91
|
11
|
Goiás
|
551,53
|
|
12
|
Goiás
|
558,42
|
12
|
Santa
Catarina
|
548,10
|
|
13
|
Bahia
|
555,49
|
13
|
Sergipe
|
547,35
|
|
14
|
Pernambuco
|
554,35
|
14
|
Pará
|
543,98
|
|
15
|
Rondônia
|
550,31
|
15
|
Tocantins
|
543,95
|
|
16
|
Pará
|
549,52
|
16
|
Espiríto
Santo
|
543,46
|
|
17
|
Tocantins
|
546,39
|
17
|
Pernambuco
|
539,52
|
|
18
|
Amapá
|
545,60
|
18
|
Mato
Grosso
|
539,18
|
|
19
|
Mato
Grosso
|
545,22
|
19
|
Rondônia
|
534,03
|
|
20
|
Paraíba
|
544,53
|
20
|
Paraíba
|
532,43
|
|
21
|
Ceará
|
543,95
|
21
|
Piauí
|
525,28
|
|
22
|
Piauí
|
540,80
|
22
|
Roraima
|
522,21
|
|
23
|
Alagoas
|
530,33
|
23
|
Alagoas
|
521,32
|
|
24
|
Maranhão
|
530,25
|
24
|
Maranhão
|
519,13
|
|
25
|
Roraima
|
523,31
|
25
|
Amapá
|
513,16
|
|
26
|
Amazonas
|
517,25
|
26
|
Amazonas
|
502,49
|
|
27
|
Acre
|
507,97
|
27
|
Acre
|
488,24
|
|
Média
Nacional
|
568,03
|
Média
Nacional
|
559,04
|
A Rede Federal amazonense
é composta pelas instituições:
I-
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
do Amazonas - Campus Coari
II-
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
do Amazonas - Campus Labrea
III- Colégio Militar de Manaus
IV- Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas - Campus
Manaus zona leste
V-
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
do Amazonas - Campus Manaus-centro
VI- Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas - Campus
Manaus distrito industrial
VII- Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas - Campus
Maués
VIII- Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas - Campus
Parintins
IX- Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas - Campus
presidente Figueiredo
X-
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia
do Amazonas - Campus São Gabriel da Cachoeira
XI- Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do amazonas - Campus
Tabatinga
Os desafios do ENEM para as Redes de Ensino
O Exame Nacional do Ensino Médio baseia-se na
avaliação de um conjunto de habilidades, mais precisamente 120, onde o aluno
tem de responder 180 itens (questões objetivas) que avaliam cada uma dessas
habilidades. Os itens partem de uma situação-problema, ou seja, de situações
reais que correspondem a um contexto apresentado ao aluno, a partir do qual ele
será avaliado se tem uma determinada habilidade, como: identificar, relacionar,
comparar, compreender, analisar, inferir e avaliar.
O ENEM diferencia-se de uma prova de vestibular
tradicional pelo fato de não valorizar somente a memorização do conteúdo, mas
principalmente por explorar as habilidades que os alunos devem possuir ao final
do ensino médio. Isto quer dizer que a avaliação se dá acerca do que os alunos
conseguem fazer com o que aprenderam. Nesse sentido, valoriza-se a mobilização
de conhecimento para uma finalidade específica.
Por todas essas especificidades o ENEM impõe aos
sistemas de ensino privados e públicos grandes desafios, uma vez que no Brasil
o ensino médio caracteriza-se fortemente pela centralidade apenas na
transmissão de conteúdos, e menos no desenvolvimento de habilidades. Sendo
assim, há um grande desafio conceitual e metodológico a ser vencido, cuja ação
passa imprescindivelmente pela formação continuada de professores, técnicos e
gestores, para um trabalho específico com foco em resultdos..