Manaus
é uma Metrópole, cercada de miséria por todos os lados, onde a violência, a cada
dia que passa, é crescente face a desigualdade social gritante que vivemos.
Manaus, a capital da Zona Franca, é um
contraste quando observamos a cidade antiga (que representa o centro da cidade
e bairros adjacentes) e da moderna (nesse caso, Ponta Negra, Adrianópolis), que
ainda apresenta plataformas e paradas de ônibus com telhados de barro ou
plástico, nos moldes colonialistas, isso em pleno século XXI.
A Manaus velha pelo menos possuía um estilo
rococó art noveau, que era o rescaldo de uma elite inculta e retrógrada, que só
aceitou arte moderna em 1954 com o advento do movimento cultural de renovação
artística, que criou o Clube da Madrugada que já chegou atrasado 32 anos,
depois do surgimento da Semana da Arte Moderna, em 1922. Nossa cidade está sempre
se arrastando culturalmente a passos de cágado. Que coisa.
Manaus não cresceu, inchou com a explosão da
Zona Franca. E, desordenadamente. Os novos bairros foram apelidados com nomes
de novelas da época em que eram criados (invadidos). Estão aí para prova:
Coroado, Vila da Prata, Novo Amanhecer, Vila Sassá, Redenção; e tome novela inspirando
nomes de bairros da nossa cidade. Tudo coroado com o Filme espetacular de
Joaquim Meirelles, Cidade de Deus, indicado ao Oscar de melhor filme
estrangeiro – uma obra que todo político e estudante de sociologia deveria assistir
para sentir de perto a problemática brasileira, principalmente no segmento de
segurança e educação das nossas crianças abandonadas, milhões delas espalhadas
pelas cidades do Brasil, país que, de acordo com a Unesco, é o segundo no mundo
em péssima distribuição de renda e campeão mundial de miséria. Uma vergonha, apesar
de sermos a 6ª economia mundial, já suplantando a Inglaterra, país de Primeiro
Mundo. Horrível, mas em algumas periferias das grandes capitais a população
vive tal qual o povo etíope e de outros países pobres da África.
O inchaço passou da conta. Vejo no jornal o
governador andando nas pontes de madeira para acudir a população alagada. Bato
palmas. Mas não posso deixar de lembrar, que este grupo político ao qual o
Governador pertence, está no poder há 40 anos, e nada fizeram para solucionar a
problemática das calamidades. Todo ano enche e todo mundo sabe disso. Parece
até que nós gostamos de apanhar, cantando aquela música de sucesso: “Me bate
que eu gosto”.
Gostaríamos de voltar ao passado, quem sabe.
Mas não temos aquele skate voador de Michael J. Fox, nem o carrão do professor
e cientista que viaja no tempo, para consertar o que está errado.
Uma coisa é certa. Apesar dos shows e dos quase
300 mil pagos ao Fábio Jr. Para cantar meia hora de show. Com esse dinheiro
daria para a prefeitura construir mais de uma dezena de casas populares, para essa
gente que mora em palafitas e vivem de forma subumana, não tem casa própria e
pagam aluguel. Manaus, continua no passado, na idade média, isto é, temos duas
Manaus: No primeiro grupo temos poucos com muito, com padrão de vida que
podemos comparar aos padrões europeus. O segundo grupo é composto por migrantes
que vieram para Manaus, em busca de melhores condições de vida, e hoje, vivem
na miséria, moram na periferia em cima ou as margens de rios, lagos e igarapés
poluídos.
Manaus, que deveria ser uma ilha de
prosperidade, se a distribuição de renda fosse feita de forma equânime, como
isto, não acontece, passamos a viver em uma Metrópole, cercada de miséria por
todos os lados, onde a violência, a cada dia que passa é crescente, face a
desigualdade social gritante que vivemos. (Por: Paulo Onofre).
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