Thérèse Aubreton está se despedindo dessas paragens, onde
por muitos anos deu o seu melhor
Texto: Ellza Souza (*)
Texto: Ellza Souza (*)
São 40 anos em Manaus. No Brasil a Aliança
Francesa está desde 1885 e no mundo desde 1883. São mais de mil escolas em 135
países. Ensina não só a língua francesa como também divulga e estreita os laços
culturais entre os países com o total apoio do Ministério das Relações
Exteriores da França.
A comemoração dos 40 anos na capital
amazonense foi no Teatro Amazonas. E não podia ser em outro lugar já que o
nosso teatro tem uma simbiose com a França desde os tempos da belle epoque e
historicamente há muito mais tempo quem sabe. Sobre nossas cabeças, no teto, a
pintura nos faz lembrar o símbolo daquele país, a Torre Eiffel. O espetáculo
promovido sob a tutela de Thérèse Aubreton que dividiu o sucesso com todos em
seu discurso emocionado, tão emocionado que esqueceu de ler uma das três
páginas, depois continuado com o bom humor que lhe é peculiar.
Devo dizer que cheguei tão cedo ao teatro que
fui a primeira da fila e a cumprimentar já no saguão a diretora Therese, feliz
e elegante em seu pretinho de paetês como convinha à ocasião. No palco a
exuberante Amazonas Filarmônica tendo à frente o maestro Guilherme Mannis. A
soprano Isabelle Sabrié deu um show de dramaticidade e talento e o repertório
de Ravel (La Valse, Sheherazade e Bolero) e Paul Dukas (O Aprendiz de
Feiticeiro) encantou o público que ouviu silenciosa aqueles acordes, violinos,
violoncelos, harpas, flautas, trompetes e tanto outros sons diferentes e
harmônicos tirados daqueles instrumentos por músicos tão concentrados e
competentes.
Senti, porém, uma certa nostalgia no ar.
Nostalgia confirmada mais tarde, Thérèse Aubreton está se despedindo dessas
paragens, onde por muitos anos deu o seu melhor. Durante um curso de roteiros
turísticos em Manaus, ministrado por ela, achava interessante aquela francesa
dando aula de história, meio ambiente, cultura amazônica, demonstrando conhecer
mais do que nós, uma turma de manauaras. Isso não é problema nenhum, pois acho
que quem sabe ensina quem não sabe.
Vai embora a Therese e Manaus perde com isso.
Espero que tenha ficado seus ensinamentos. Do meu lado, a partir dessa francesa
engraçada mas séria, enxerguei melhor o meu próprio chão. Entendi que precisava
conhecer mais a minha cidade para então criticá-la e admirá-la. Sei que Manaus
e os manauaras vão no seu coração para a Normandia. E você fica nos
ensinamentos e dedicação que nos passou. Como uma verdadeira “aliança” entre
culturas tão diferentes. Obrigada Thérèse. E volte quando quiser.
(*)
É escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.
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