BRASÍLIA - A um ano e oito meses da eleição
presidencial, a ex-senadora Marina Silva decidiu criar um partido para lançar
sua candidatura à sucessão da presidente Dilma Rousseff. O embrião da futura
legenda será o Movimento Social Nova Política, movimento suprapartidário
lançado no ano passado pela ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula.
Inicialmente, Marina pretendia anunciar a
intenção de recolher as quase 500 mil assinaturas necessárias para formar a
nova legenda na semana que vem, mas foi aconselhada a adiar para fevereiro, na
reabertura dos trabalhos do Congresso Nacional. A ideia é que o novo partido
seja formado com políticos oriundos de várias legendas.
Desde meados do ano passado, Marina tem
intensificado os contatos com lideranças políticas que vão desde integrantes do
PSOL até o PSDB. Uma dessas lideranças é a ex-senadora e atual vereadora por
Maceió Heloísa Helena, do PSOL, que já sinalizou sua adesão à nova sigla. O
senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), também sondado, declinou do convite: seu
projeto é ser, igualmente, candidato à presidência em 2014.
Nomes como o do deputado Walter Feldman (SP),
que ameaçou deixar o PSDB e admitia a possibilidade de aderir ao PSD do
ex-prefeito Gilberto Kassab, são dados como certos no novo partido. Sem espaço
no PT do Rio de Janeiro, o deputado Alessandro Molon é outro alvo de Marina
Silva. Ele quer ser candidato a prefeito, em 2016, e teme mais uma vez ser
alijado do processo, com ocorreu no ano passado.
O
deputado Reguffe (PDT-DF) também estaria em conversa com a ex-senadora para
migrar para a nova sigla, assim como o deputado Domingos Dutra (PT-MA).
A interlocutores, Marina tem repetido que
quer montar um "partido diferente". Já está certo que a nova sigla
não vai aceitar doações de pessoas jurídicas - serão aceitas apenas as
oferecidas por pessoas físicas. Ela também defende que a legenda reserve cota
de 50% das vagas para os filiados que tenham "ativismo autoral",
deixando-os livres para empunhar as bandeiras e teses que quiserem.
Corrupção. O combate à corrupção será outro
tema. "Me preocupa uma certa aproximação dela com a extrema esquerda. A
campanha de 2010 foi feliz porque ela conseguiu ocupar um espaço de centro
esquerda", observa o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), cuja relação com
Marina ficou estremecida desde a saída dela do PV.
Há dois anos Marina conquistou 20 milhões de
votos na corrida pela Presidência da República, chegando em terceiro lugar,
atrás de Dilma Rousseff e do tucano José Serra. Ela está confiante nesse
capital político, que considera suficiente para viabilizar a nova legenda. Está
certa ainda de que, em 2014, tem mais chances do que o senador tucano Aécio
Neves de ir para um embate com Dilma Rousseff, num eventual segundo turno. Sua
avaliação, sobre o caso, é que o PSDB está enfraquecido, o que pode abrir
espaço para a sua candidatura.
Depois de passar pelo PT e, em seguida, pelo
PV, Marina decidiu criar um novo partido por ter críticas severas às legendas
existentes. Por isso não aceitou o convite do presidente nacional do PPS, deputado
Roberto Freire (SP), para ingressar no partido.
A
ex-senadora terá, no entanto, de correr contra o tempo para viabilizar a nova
sigla até o final setembro, prazo fatal para que possa se candidatar nas
eleições de outubro de 2014. Além disso, ela terá de superar obstáculos como o
projeto de lei em tramitação no Congresso que impede que novos partidos tenham
acesso pleno ao dinheiro do fundo partidário e ao tempo na propaganda eleitoral
de rádio e TV, antes de disputarem uma eleição.
Fonte:http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,marina-bate-martelo-sobre-nova-sigla-que-tera-tucano-e-petista-,982601,0.htm
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