Ademir Ramos (*)
Os governantes por todo o Brasil estão investindo na
construção de Escola em Tempo Integral, com objetivo de assegurar as famílias
um padrão de qualidade que possibilite as crianças e jovens uma convivência
solidária, afetiva, justa e responsável, visando o desenvolvimento das
competências e habilidades fincado na autonomia criativa, na leitura do mundo,
pesquisa e nos instrumentos laboratoriais das ciências, das artes e da cultura
de nossa história.
Não tem jeito, a única saída que o novo mundo tem
para se projetar no Fórum das Nações desenvolvidas é por meio da educação. Para
isso é preciso que façamos algumas reflexões sobre esta onda da Escola em Tempo
Integral, considerando de pronto, a conversão desta em políticas públicas
estruturantes.
Para isso é urgente que se analise algumas
determinações das práticas de uma Escola em Tempo Integral se quisermos ver
prosperar o investimento destinado à escola pública tanto no Município como no
Estado.
De início, gostaríamos de compartilhar com os
interessados, em particular, com os especialistas alguns pontos que dizem
respeito à constituição da Escola em Tempo Integral quanto à forma, proposta
curricular, gestão democrática, práticas pedagógicas e inserção da escola na
comunidade local, entre outras matérias que venham a ser apreciadas no curso
dos debates.
O chamamento é para que possamos acordar frente ao
fato e começarmos a participar desta discussão que pouco a pouco ganha corpo
nos meios acadêmicos e queiramos nós que seja pauta dos meios de comunicação em
suas variadas frentes.
Dessa feita, a pro-vocação se faz a partir
das escolas construídas com 20 a 30 salas, matriculando entre mil, a dois mil
alunos, criando uma situação quase insustentável para o processo de governança
escolar. Quase, porque é preciso examinar o corpo técnico que a escola possui
para cumprir com sua função de aprendizagem em sua integralidade. Outro quesito
a ser debatido é a própria organização da Escola em articulação com os pais dos
alunos, a congregação dos professores, lideranças estudantis e a equipe
dirigente escolar.
A proposta curricular deve merecer total atenção
porque altera a visão tradicional da escola e consequentemente do professor.
Explico: Na Escola Integral o Estado toma para si total responsabilidade pela
formação das crianças e jovens. Eles permanecem por oito horas na escola,
trabalhando os conteúdos obrigatórios e optativos sob a orientação dos
professores, pedagogos e seus assistentes. Para isso é necessário repensar
também a carga horário do professor e acompanhar as suas práticas numa
perspectiva orgânica, dialogando com as várias formas de saber de modo criativo
e prazeroso, em cumprimento aos objetivos do projeto político pedagógico, assim
definido no conselho escolar.
O desafio é grande e requer dos governantes coragem
para assumir a responsabilidade, priorizando os investimentos na formação e
gestão de pessoas; na valorização dos professores, pedagogos, gestores e demais
trabalhadores que operam no sistema educacional buscando a excelência do nosso
ensino.
(*) É
professor, antropólogo e coordenador do projeto jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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