Depois da alagação, a rua das Cacimbas ficou com o lixo
Avexa
meu compadre, parece até o dilúvio, só ta faltando a Arca de Noel, isso dá
samba!
Parece um dilúvio as águas crescendo na Rua
das Cacimbas, no bairro de São Raimundo. O aperreio foi tão grande nesses dois
dias de chuveiro que alagou Manaus, que as águas passaram das canelas do povo,
já acostumado a roer beira de sino e a comer o pão que o diabo amassou.
Dona negona, que tem uma vendinha ali na
baixada, arregalou os olhos aboticados de crioula brejeira e exclamou a plenos pulmões:
- Avexa meu compadre, parece até o dilúvio, só ta faltando a Arca de Noel, isso
dá samba!
É verdade dona Black (ela gosta de ser
chamada assim), o povo sofre e o governo não toma nenhuma providência, mas
continuamos rezando, pois somos devotos de Nossa Senhora da Glória. Por falar
em político nenhum faz coisa alguma para equacionar o problema das chuvas em nossa
cidade. E isso já remonta há décadas de esquecimento e a população continua
sofrendo a ausência institucional.
Falando nisso, o Almir, frequentador assíduo
do Café do Pina, que esteve na Alemanha há pouco, voltou de olhos espantados
diante da competência germânica. Viu in
loco, que o dinheiro do contribuinte é gasto com esmero e seriedade em
beneficio do povo. E o contribuinte faz questão de pagar os seus impostos,
porque sabe que o seu dinheiro está sendo bem aplicado em prol da coletividade.
Aqui o pessoal se preocupa mais com o paletó
do que com a população que o elegeu sem saber que o farsante esqueceria “ as
roupas comuns dependuradas “de uma gente cujo sofrimento dá samba e voto”, mas
depois de eleito, o político esquece
aquele que outorgou-lhe um mandato político.
A vida do povo vive alagada. Cadê a
municipalidade dos vereadores? Um ou dois gatos pingados é que estão perto do
povo. O resto é sala, papo furado e lero lero, aliás, políticos sérios, são, poucos, essa é a verdade, o
resto se esconde atrás da saia do poder, isto é. Não fala porra nenhuma em prol
do nosso bom povo de Manaus. Uma cidade que
foi linda, que está virando uma cacimba, isso mesmo, aquela cacimba do tempo do
ronca. Isso dá samba. Alô Sodré, alô Miguel, que Deus os tenha, Eta gente boa dos
tempos em que o povo tomava bando de cacimba.”
Alexandre Otto,
é
poeta e
membro
do Clube da Madrugada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário