Ellza
Souza (*)
A abertura da I Mostra de Arqueologia e Patrimônio do
Baixo Urubu na noite do dia 28 de maio de 2013 em Itacoatiara, foi intensa para
mim. Ver aquelas pessoas, os convidados e a comunidade em geral, curiosas, em
torno daqueles fragmentos que contam histórias de quem viveu em lugares como
Silves e Itacoatiara, região do baixo rio Urubu, onde foram encontrados. Para
chegarmos até aqui com esse conhecimento tão avassalador e moderno, precisamos
das civilizações que viveram antes da gente e nos deram outros
conhecimentos, outras experiências. Precisamos, sim, da arqueologia, da ciência
como um todo, para nos dar entendimento dessa evolução e dessas culturas.
Pessoas conhecidas como o historiador Francisco Gomes da Silva, a pedagoga
Glória Saenz, o representante do Grupo André Maggi, a Secretária de Educação do
município, a arqueóloga e responsável pelo projeto Helena Lima e outros.
Por isso me interesso pela arqueologia e fui a essa
exposição, em Itacoatiara. A experiência valeu muito a pena. Como disse a
coordenadora do projeto Baixo Urubu, Helena Lima: “Na arqueologia ninguém
trabalha sozinho” e que venham mais interessados nesse estudo principalmente em
relação à Amazônia que, por falta de interesse da sociedade (governo e povo),
muito está se perdendo irremediavelmente mas ainda temos muito a salvar e
entender. A peça que mais chamou a atenção na mostra foi uma urna funerária
encontrada em boas condições no sitio arqueológico de Jauary em Itacoatiara à
beira do rio Amazonas, em terras onde será construído o estaleiro da Hermasa.
A exposição acontece até o dia 14 de junho no
Centro Cultural Velha Serpa, um belo prédio revitalizado onde funcionou o
Matadouro da cidade. A exposição nesse espaço vale também pelo resgate do
equipamento, do piso, de fotos, de alguns traços arquitetônicos que servem para
avaliação de uma época e de sua história.
“QUERO
LIDAR COM VIDAS”
Na noite de abertura da exposição em Itacoatiara um
jovem logo me chamou a atenção. Sério, empertigado mas tinha um semblante de
felicidade. Fui até ele e marquei uma conversa para depois do evento. Trata-se
de Dhalton Jorge Marques Sá, 14 anos, aluno do primeiro ano do ensino médio.
Itacoatiarense, foi o vencedor do concurso de redação sobre arqueologia que
aconteceu na cidade em 2012. Dhalton, sempre ao lado do orgulhoso pai, Gleuber,
professor de Educação Física, me contou que em sua redação, de três laudas,
tratou da função que a arqueologia exerce sobre a comunidade; o papel da
arqueologia no mundo moderno e ainda discorre sobre a escavação no terreno do
Estaleiro da Hermasa onde foi descoberta a maioria dos fragmentos expostos.
“Quero para mim é lidar com vidas”, disse Dhalton.
E explicar melhor: “Quero ser socorrista e arqueologia é a minha segunda
opção”. Porque arqueologia, perguntei. “Ela resgata coisas que a maioria não
quer descobrir”. Os amigos do jovem estudante lhe perguntam: “Pra escavar
fósseis”?
E Dhalton
nos dá uma aula:
“Eles
desconhecem a arqueologia”.
“O
Projeto Baixo Urubu é importante porque mostra pra comunidade o valor que a
arqueologia tem”.
“Não
interessa o nosso presente se não soubermos o nosso passado, as nossas
origens”.
(*) É
escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.
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