Ontem, sem luz, lembrei dos lampiõezinhos que são a cara da riqueza européia
Ellza Souza (*)
Pelo menos no Conjunto Habitacional Tocantins,
centro oeste da capital, tivemos uma noite sem luz, quase de trevas não fosse a
lua para alumiar. O pior é que já tivemos parecença com a cidade luz e até
“remedamos” a belle epoque de lá. Já tivemos árvores bem cuidadas na avenida
Eduardo Ribeiro e hoje temos barracas de quinquilharias. Já tivemos nossas
trouxas de roupas levadas e lavadas na Europa. Já tivemos as ruas limpas, a sombra
das mangueiras e a água fresca dos igarapés. Já até deixamos levar a semente da
seringueira.
Era tanta riqueza que se queimava dinheiro enrolado
como charuto. Ontem, sem luz, lembrei dos lampiõezinhos que são a cara da
riqueza européia, mesmo na crise. Aqui foram substituídos por algo mais moderno
mas que não funciona pois quase sempre as lâmpadas da rua estão “queimadas”. As
prostitutas vinham de longe atender os coronéis daqui. Era um tempo que
ainda existiam os barrancos por esses lados. No centro da cidade tinha grandes
e charmosas padarias, restaurantes, lojas de finos tecidos e louças. Hoje no
lugar das confeitarias temos “lanches” nas esquinas das ruas e todos vendem a
mesma coxinha, empanada ou empoeirada? Nada ficou da Paris original. Nem beleza,
nem limpeza, nem riqueza, nem um bonde pra lembrar a história. E muito menos um
museu para guardar essas histórias.
A Paris dos trópicos já tem idade para assumir a
sua própria personalidade e ser apenas, Manaus. Quente, úmida, de origem
indígena, exuberante em suas matas, rios, frutos, peixes, ervas medicinais e
água pra todo lado. Tão achando pouco ou querem mais? E já que é cidade que
seja iluminada e volte a ser graciosa e um lugar para sermos felizes. Quem não
gostar dessas características procure seu rumo que o Brasil é grande e um país
de futuro.
(*) É
escritora, jornalista e articulista do NCPAM/UFAM.
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