Dilma Rousseff abriu os cofres da União para
garantir ao prefeito Fernando Haddad os recursos de que necessita para
administrar a Prefeitura.
Submetido a
audiência pública pela internet até 15 de setembro, o plano de reforma da
rede de ensino da Prefeitura de São Paulo contém vários pontos importantes.
Além de ampliar a oferta de vagas, mediante a construção de novas escolas com
financiamento federal, ele prevê várias medidas para melhorar a qualidade
da educação e aumentar o nível de aprendizagem dos alunos. A reforma foi
concebida pelo titular da pasta da Educação, o sociólogo Cesar Callegari, que
já foi diretor do Serviço Social da Indústria (Sesi), membro do Conselho
Nacional de Educação, secretário executivo do Ministério da Tecnologia e
secretário de Educação Básica do Ministério da Educação.
Entre outras
inovações, o plano exige a aplicação de provas bimestrais. Cria a
figura da dependência, permitindo aos alunos da 7.ª e 8.ª séries do ensino
fundamental que não passarem numa disciplina refazê-la no ano seguinte. Amplia
as atividades de recuperação e reforço no período de férias. Altera a divisão
de ciclos, que passam de dois para três (Alfabetização, Interdisciplinar e
Autoral). E, com o objetivo de estimular os pais a fiscalizar de perto o
desempenho dos filhos na escola, o plano prevê sistema de notas de zero a
dez, torna obrigatória a lição de casa e valoriza o boletim, colocando-o na
internet.
As novas diretrizes
serão implementadas nas 2.722 escolas municipais a partir de 2014. Essa é a mais
ampla proposta de reforma da rede de ensino da Prefeitura desde que o
polêmico sistema de progressão continuada foi instituído, há mais de duas
décadas, durante a gestão da prefeita Luiza Erundina. Por assegurar a aprovação
automática, a progressão continuada não estimula os alunos a estudar para
passar de ano. De lá para a cá, várias foram as gestões que mantiveram e
aprofundaram esse regime.
Por causa disso, os
940 mil alunos da rede municipal atualmente só podem ser reprovados no final da
5.ª e da 9.ª séries do ensino fundamental. O resultado é que 38% dos alunos
saem da 4.ª série sem estar plenamente alfabetizados. Nesse modelo, os
estudantes acabam ficando muito tempo na escola sem aprender, diz Callegari. Uma
das medidas pedagógicas por ele tomada foi o restabelecimento de formas mais
tradicionais de avaliação, como o sistema de reprovação em cinco das nove
séries. "Com a aprovação automática, os dois ciclos atuais acarretaram
perda de referências curriculares ao longo dos nove anos de aprendizagem.
Estamos resgatando essas referências. Não queremos criar uma máquina de
reprovações, mas sinais de alerta, envolvendo professores, alunos e pais",
afirma o secretário.
A proposta de
reforma da educação municipal também cria uma estratégia de transição para as
últimas séries. Na 6.ª série, por exemplo, haverá um professor encarregado de lecionar
português e matemática e de fazer a ligação com o que foi lecionado nos anos
anteriores. Já nas séries restantes os alunos terão de fazer um trabalho de
conclusão do curso, com base em projeto interdisciplinar orientado por
professores especializados. Até agora, esse trabalho não era exigido. Também
haverá alterações no aspecto disciplinar. Atualmente, cada escola tem autonomia
para definir sanções a serem aplicadas pelos professores em caso de
indisciplina. Pela proposta, haverá um código padronizado para toda a rede,
com regras para advertência ou suspensão.
O plano de reforma
da rede de ensino da Prefeitura tem tudo para dar certo. Primeiro, porque a
Secretaria Municipal da Educação acolheu sugestões e reivindicações dos 84 mil
docentes vinculados a ela. Em segundo lugar, porque as entidades da categoria
são dirigidas por líderes vinculados ao PT, o partido que controla a máquina
municipal. Por fim, como precisa ter um bom desempenho no maior colégio
eleitoral do País, para se reeleger, a presidente Dilma Rousseff abriu os
cofres da União para garantir ao prefeito Fernando Haddad os recursos de que
necessita para administrar a Prefeitura. Resta apenas saber qual será o
impacto das novas diretrizes sobre os alunos da rede municipal e quando os
índices de aproveitamento, que hoje são baixos, começarão a subir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário