O professor Ademir
Ramos, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e um dos coordenadores do
Projeto Jaraqui, será homenageado, no próximo dia 5 de junho, pela Câmara
municipal de Manaus, em cumprimento ao Projeto de Decreto
Legislativo n.º 006/2014, de autoria do vereador Mário Frota (PSDB).
Ademir Ramos é
militante da Comuna Jaraqui e dos Movimentos Sociais. É acadêmico da
Universidade Federal do Amazonas, um dos fundadores do Movimento dos
Professores do Estado, bem como do Movimento Indígena e das Comunidades de Base
numa perspectiva das lutas sociais e pela afirmação da Democracia no Brasil.
A Medalha de Ouro
Cidade de Manaus que será outorgada ao professor Ademir Ramos é concedida a
todo cidadão que tenha prestado relevantes serviços à comunidade, por pelo
menos dez anos. Os organizadores do evento querem transformar o ato numa
expressão do movimento social, articulando cultura popular e políticas públicas
de qualidade. A mobilização se intensifica fazendo valer a vontade da maioria.
Veja,
a seguir, o resumo da biografia de Ademir Ramos:
Ademir Ramos é professor
da UFAM e militante social. Nasceu na Amazônia, no município de Juruti, no
Estado do Pará, no ano de 1956, em 08 de dezembro, dia de Nossa Senhora da
Conceição – a Imaculada - padroeira de Manaus.
Recém-nascido,
doente, foi levado por sua mãe Dona Zolima Gomes Ramos à sede do município de
Óbidos, para tratamento de saúde, sendo socorrido por Dr. Ayres, renomado
farmacêutico, que valioso serviço
prestou as comunidades, em particular as crianças carentes e desprovidas do
município de Óbidos e adjacências. Religiosa, Dona Zolima, além de reconhecer a
competência do farmacêutico Ayres, agradecia a Deus pelo milagre ocorrido e
fazia votos a São Sebastião para proteger e salvaguardar o filho José Ademir
Gomes Ramos, o nosso homenageado nesta data. E assim, Dona Zolima, casada com
Azamor Piranha Ramos (falecido), fixou morada em Óbidos, terra natal de José
Veríssimo, Inglês de Souza, Pedro Pomar, Saladino Brito, entre outros vultos
nacionais. Foi em Óbidos que o professor Ademir Ramos iniciou seus estudos, a
começar pela Dona Cora, professora das primeiras letras, passando pelo Grupo
Escolar José Veríssimo e Colégio São José.
Em tempo, ajudava
diretamente o pai nos carretos, tocando o Carro de Boi pela cidade. Mas, dona
Zolima não descuidava dos estudos dos filhos – João Alzemar (falecido),
Azamora, Alzemira, Ana Maria, Antonia Maria, Maria Aldenora, Zolima e Meriam
Gorethe, além dos agregados que ficavam sob sua guarda, acompanhando e
orientando todos e todas nas leituras e nos deveres da Escola. Tocado pela
necessidade de estudar e trabalhar, o professor Ademir Ramos veio para Manaus,
quando em 1970 retoma seus estudos no Colégio Ruy Araújo. Durante o dia
trabalhava como office-boy na Cimaza, do grupo J.G. Araújo, na Marechal
Deodoro, no centro histórico de Manaus. Além do Ruy Araújo, o professor Ademir
Ramos foi aluno do Colégio Estelita Tapajós e do Instituto de Educação do
Amazonas. Concluído o colegial, em 1976, iniciou seus estudos de Teologia, no Centro
de Estudo de Comportamento Humano, na condição de seminarista Diocesano do
Seminário São José, em regime semiaberto.
Em 1978, participou
efetivamente da criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Regional
Norte I, órgão vinculado a CNBB, o que possibilitou centrar seus estudos na missiologia
e demais campos das ciências sociais com foco em antropologia política, em
nível de Pós-graduação. Foi nesse período, enquanto seminarista que iniciou sua
luta em defesa dos povos indígenas, organizando Assembleia local, regional e
nacional. À época, cursando filosofia na Universidade do Amazonas começou a
participar do Projeto Jaraqui sob a coordenação do professor Frederico Arruda,
atual Pró-Reitor da UFAM. Ainda em 1978, o professor Ademir Ramos foi eleito
para a Diretoria do Centro Acadêmico Filosófico Cultural do Amazonas (CAFCA).
Em 1979, de 29 a 30 maio de 1979 participou do Congresso de Reconstrução da
UNE, bem como no dia 19 de setembro, participou efetivamente do Ato Público em
defesa da Amazônia, sendo perseguido junto com os seus companheiros pela
polícia do Estado.
Foi um dos militantes
do movimento dos professores no Amazonas, participando da APPAM, do SINTEAM, do
SINPRO e da Associação dos Docentes da Universidade do Amazonas (ADUA). Ademir
Ramos foi professor da rede estadual de ensino a partir de 1981. Foi aprovado
em 1982 como professor da Universidade do Amazonas e, enquanto chefe de
Departamento de Ciências Sociais, em 1988, foi um dos criadores do Curso de
Ciências Sociais na UFAM, sendo um dos seus legados, como ele mesmo reconhece.
Nas tratativas políticas, o professor Ademir Ramos destacou-se também como um
dos criadores do PT no Amazonas, sobretudo referindo-se ao primeiro Núcleo do
PT criado em Manaus, no bairro de Petrópolis. Na década de noventa, mais
precisamente em 1998, no governo Amazonino Mendes, com apoio de Humberto
Michiles, então Secretario de Educação da SEDUC, o professor Ademir Ramos foi o
responsável pela criação no Estado, do Conselho Estadual de Educação Escolar
Indígena do Amazonas, sendo o primeiro presidente. Atualmente, o Conselho é
presidido por Amarildo Munduruku.
Em 2001, atendendo
ordem do governador Amazonino Mendes, criou junto com outros profissionais
qualificados índios e não índios a Fundação de Política Indigenista do Estado
(FEPI), definindo desta feita, toda a política de Estado em atenção às
comunidades indígenas do nosso Amazonas. A FEPI, atualmente transformou-se na
Secretaria de Estado para os Povos Indígenas do Amazonas (SEIND), tendo a
frente o Secretário Bonifácio Baniwa. Na luta pela cultura e meio ambiente,
enquanto coordenador do Núcleo de Cultura Política da UFAM participou
efetivamente do Movimento S.O.S Encontro das Águas pelo Tombamento deste Bem,
contra a vontade do governo Eduardo Braga, que avalizava a construção do Porto
das Lajes, de iniciativa da Vale do Rio Doce, previsto para ser construído no
frontal do Encontro das Águas, Tombamento este que foi consumado pelo IPHAN, no
dia 04 de novembro de 2010, sendo imediatamente contestado pelo governo do
Amazonas, matéria esta que tramita no STF aguardando decisão do ministro
Antonio Dias Toffoli, para homologação do Encontro das Águas como Patrimônio
cultural do Amazonas, Brasil e da humanidade.
O Professor Ademir
Ramos é casado com a professora Maria Leonor de Almeida Ramos, avós de Laura de
Souza Ramos, filha de Lourenço de Almeida Ramos e Andrea Souza. Laura com
apenas 1 ano e 5 meses é a pérola da família, provocando assim, segundo o
professor Ademir, novas observações e análise do desenvolvimento cognitivo
quanto à formação da linguagem e de sua estrutural mental, assim como também
novos aprendizados. O professor continua em atividade na UFAM e, eventualmente
na UNATI/UEA, bem como também prestando consultoria a Comissão de Educação,
Cultura e Assuntos Indígenas da Assembleia Legislativa do Estado, que é
presidida pelo atuante deputado Sidney Leite. Com o resgate do Projeto Jaraqui,
em 2012, aos sábados das 10 às 12h, na República Livre do Pina, na Praça
Heliodoro Balbi, o professor Ademir Ramos participa da Comuna Jaraqui, passando
a limpo a política no Brasil e no Amazonas. O Jaraqui é uma Tribuna a serviço
dos Movimentos Sociais a suscitar debate e a formular propostas populares como
a Criminalização dos Partidos Políticos que convencionam os candidatos ficha
suja.
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