Bernardo
Cabral, mais afoito do que eu, me disse: - então vamos logo, antes que termine.
Fiz o meu prato de mau-educado e quando olhei o prato do namorado da Zélia, o dito tava de cucuruta, um assombro.
No pandemônio do Centro de Manaus, abarrotado
de vendedores ambulantes de toda ordem, mais parecendo uma daquelas peças
cinematográficas, com Leonardo Di Caprio à volta com diamantes de sangue e mais
o atraso de Serra Leoa, uma senhora der aspecto
guerreiro, olhar de arapapá e cintura de tabua, mas linda pelo sorriso de 32 dentes alvos que todo
amazonense possui, exclama para o filho de uns cinco anos mais ou menos: -
cuidado com o carro Deivid, e bebe logo
essa coca cola , menino danado.
O curumim travesso, um autêntico ticuna de
rosto, cabelo em pé que nem piaçava, bebe rápido a lata de coca cola e se
acomoda entre a multidão natalina que faz compras no centro de nossa capital.
O garoto poderia chamar-se mundinho, tapioca,
giju, ou Arsitiobaldo, mais não sei o quê, mas justamente seu nome é Deivid, e
isso acontece também lá no murumurutuba e no resto do interior amazonense, o
certo é que estamos perdendo a nossa identidade cabocla.
Certa vez estávamos na casa do deputado
Nonato Oliveira, e íamos jantar uma tartarugada feita pela Lindimar, mulher
dele e irmã do Lupércio, quando a anfitriã me segredou: “vão logo fazer o prato
de vocês porque a tartaruga é pequena”. Olhei para o lado e sabendo que o
Bernardo era apaixonado pelos pratos do dito quelônio, convidei-o à atacar a
cozinha do negão que nesse tempo era candidato à governador do Estado. Bernardo
Cabral, mais afoito do que eu, me disse:
- então vamos logo, antes que termine. Fiz o meu prato de mau-educado e quando
olhei o prato do namorado da Zélia, o
dito tava de cucuruta, um assombro.
É que não tem petisco igual no mundo que
supere a nossa tartarugada, o paxicá, o sarapatel, etc., pois bem comemos à vontade
aquele manjar dos deuses inesquecível.
Hoje, internautas, estamos comendo hambúrguer
regado a catchup e maionese, esquecemos de vez o tucupi, o arubé, e tem gente
que nunca provou um creme de pupunha, ora bolas.
Deveria haver nas escolas pelo menos uma
página que ensinasse às nossas crianças, as coisas da terra. Mas já que o Natal
está na porta, rezamos para que o mundo não se acabe amanhã, como os
embusteiros acreditam que os maias profetizaram, que tal uma ceia com tambaqui assado na brasa, acompanhado
daquele delicioso licor de cacau que a tia
Maroca fazia lá no beiradão do Paraná da Eva. Que saudade Tio Xandico!
Feliz Natal e Prospero 2013!
Alexandre
Otto,
é poeta e membro
do Clube da Madrugada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário