“Cachorro,
desgraçado. Tu vai ver só na próxima eleição, filho do cão, eu vou fazer
mandinga da pesada pra ti”. “Cachorro, deviam multar o prefeito e o dono do
barco para ver se os dois criam vergonha na cara”.
Um dia desses uma senhora idosa deu um
escorregão naquela escadaria da rampa do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, que
dá acesso ao Flutuante do Boizão, local onde os barcos ancoram, e se
esborrachou lá embaixo com mala e tudo, é que tinha chovido e a coisa não ficou mais preta porque só faltava 1 metro e um palmo de altura,
senão seria um desastre de ossos quebrados, e a anciã mais uma vítima do descaso das autoridades constituídas.
Os caboclos usuários de barcos que vão e vêm
do interior, sofrem mais do que charuto em boca de bêbado, quando se dirigem
para pegar um motor de recreio para o devido destino.
Sem terminal de passageiros, a rampa do
mercado, vira uma zorra cotidiana para a
população, e tome sofrimento geral, com pranchas improvisadas. Um dia desses
uma senhora gorda e nervosa além de rasgar a saia na queda, ainda tomou um
baita banho de água poluída diante do incidente do desastrado embarque. A
mulher vociferava em alto tom: “cachorro, desgraçado. Tu vai ver só na próxima
eleição, filho do cão, eu vou fazer mandinga da pesada pra ti”. Até hoje não se
sabe quem é o dito amaldiçoado focado pela dona. que parece ser ‘mãe de santo’.
Outra vez foi um, velho ranzinza, que deu um
salto para a prancha que dá acesso ao barco, mas não conseguiu segurar o óculos que foi pro fundo, enquanto o
ancião bufava: “cachorro, deviam
multar o prefeito e o dono do barco para ver se os dois criam vergonha na cara
e não dão prejuízo pro povo, essa é a
verdade”.
É verdade, minha gente, o povo está
abandonado, e até parece que perdeu o cachimbo na curva da boca do Cão, porque
o usuário de barco sofre um trenó de esquecimento, pois não lembra do povo nem
em época natalina.
O centro da cidade é um inferno, camelôs
transformam Manaus num gueto de insalubridade, e tome roubo, aperto, incômodo,
ruas transbordando de vendedores
ambulantes, mingau, churrasco de gato,
banca de celular, jogo de bicho, mandinga, e até uma mulher bradando em
alta voz : “serviço para trazer marido de volta, casal gay se casar, e até patuá pra tirar na Mega
\Sena. A fila começou a esticar. O povo, coitado, gosta de ser enganado, e você
aí amigo internauta, não vai fazer uma fezinha na Mega do fim do ano. Quem não
arrisca não petisca. De repente você acerta, amigo(a), e feliz Natal.
Alexandre
Otto,
é poeta e
membro do Clube da Madrugada.
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