A
farinha é para nós, como o pão para o mundo inteiro. Acontece que tem
amazonense que nunca comeu um pedaço de beiju com café torrado na lata.
Minha avó Cecília, cabocla do Paraná da Eva,
negra dos cabelos lisos, moça bonita e prendada, por isso fisgou o meu avô
suíço de cabelos louros e olhos azuis, aliás o cara eras boa pinta,
parecidíssimo demais com aquele ator Leam Nielsen, que interpretou no cinema o
Schindler do espetacular filme de
Spielberg que ganhou o Oscar, (Quando falo nisso, meus filhos ajeitam o
colarinho com vaidade), pois bem, a velha
ranzinza que me criou na porrada, conseguiu fisgar o velho europeu,
fotógrafo, mestre dos mestres, segundo o
Lytaiff, que é considerado por todos, o melhor fotografo do Amazonas.
Mas o que tem a vovó com a fartinha nossa de
cada dia? A velha produzia farinha, ali no V-8, 20 quadras de mandioca, que era
vendida para o quartel, nosso 27º BC. O preço era irrisório, mas ela sustentou os
seis filhos mais 2 netos, eu e o Alemão, que já se encantou, como diria o
Guimarães Rosa. Nonada, ora bolas.
Eu me lembro, um tambaqui médio era no
dinheiro de hoje, 8 reais, e 1 litro de farinha da boa, 30 centavos.
Ontem fui comprar um quilo de farinha do
Uarini, e o preço bateu na minha cara, 7,20, socorro! Querem matar os caboclos
de fome.
O Abel Alves me informa que a farinha de Tefé
é a melhor do mundo, custava 1 real, e agora custa 5 reais, 400% de aumento. É isso mesmo.
Por favor, governador, faça alguma coisa,
Arthur, deputados e vereadores, pelo amor de Deus, mexam-se para resolver pelo
menos um paliativo na produção da farinha, senão o caboclo não come, aliás, sem
farinha a turma faz greve de fome e aí a casa vai cair na cabeça dos políticos.
Aproveitem a várzea, ouçam as prédicas do
Curupira, o nosso senador Evandro Carreira. Ele é o cara que mais entende de
Amazônia, segundo o próprio Congresso e o Pentágono americano, onde o mesmo fez
conferência.
A farinha é para nós, como o pão para o mundo
inteiro. Acontece que tem amazonense que nunca comeu um pedaço de beiju com
café torrado na lata, isso depois de viajar com uma bela cabocla, daquelas
criadas sem calça no meu interior, como diria o Nunes Pereira, que era amigo do
Levy Strauss, e que gostava como ninguém de tomar um caldo de peixe com farinha, na pá do remo.
Alexandre Otto,
é poeta
e membro do Clube da Madrugada.
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