Professora Ana Carla Fonseca
Para isso, é preciso que o
prefeito Artur Neto repense a gestão como um todo, como unidade diretiva
assentada na educação escolar e nas práticas sociais desenvolvendo plataformas
de atuação que integre a escola a comunidade e vice-versa.
Ademir Ramos (*)
Conectado com as ideias, conceitos e propostas
trabalhadas pela professora Ana Carla Fonseca, economista, urbanista e uma das
primeiras no Brasil a conceber e a formular políticas e estratégias para
plataforma das cidades, sustentadas na prática das economias criativas baseadas
na âncora da cultura, da história, do saber e do como fazer de nossa gente
frente aos desafios impostos pela globalização, atrevo-me a repensar o processo
de gestão publica tendo como referência a Prefeitura de Manaus na perspectiva
de construir conectividade, inovação e a valorização da cultura como eixos de
políticas públicas convertidas em valores e processos de formação da cidadania.
Inicio esta reflexão fazendo o seguinte chamamento:
É mais eficiente construir do que comprar feito. A primeira atitude do
governante gestor é trocar os óculos do neocolonizador pelas lentes dos agentes
locais. Nada de transplantar modelos ou copiar determinadas práticas e até
mesmo contratar agentes externos para a consecução dos projetos da cidade.
Requer de antemão que o prefeito de Manaus e seus agentes mergulhem na história
e na cultura local conectados com o mundo em permanente diálogo, na perspectiva
de responder com determinação o fazer da cidade, respeitando à diversidade de
suas formas e sentidos. É verdade que quatro anos passam rápido, mas nada
justifica contratar projetos de cima pra baixo afrontando a tradição e a
cultura de nosso povo para obter de pronto rendimento eleitoral. Esta visão
imediata é profundamente prejudicial à política e pode conduzir o mandatário
para o ostracismo e desencanto popular.
Outro chamamento que faço é relativo ao processo
de gestão por competência e habilidade do poder descentralizado sob a direção
moral e política do senhor prefeito. Em se tratando de política eleitoral,
tendo à porta as eleições de 2014, as circunstancias se impõe, não devendo,
contudo, reduzir os cargos e funções operacionais em moeda de troca, vindo
desse modo obliterar o processo de governança. Particularmente, em se tratando
de um governo do PSDB que deve bater chapa com os petistas e aliados, em
disputa a Presidência da República. As alianças políticas são necessárias, mas,
muito mais importante é assentar o governo na vontade popular, resgatando a
credibilidade e a confiança daqueles que apostaram nas urnas em Artur Virgílio
para prefeito de Manaus contra o mandonismo de Eduardo Braga (PMDB) e do
próprio PT de Dilma e Lula.
A Cidade Criativa requer do mandatário e de seus
agentes capacidades de repensar suas práticas criando pontes para religar as pessoas a si mesmo,
oferecendo condições para que se desenvolvam moral e socialmente sentindo parte
do problema da cidade enquanto pertencentes ao mesmo território e usuários do
espaço público. De imediato, pode-se recorrer às campanhas educativas através
das mídias sociais para sensibilizar os comunitários no que diz respeito à
limpeza pública, a proteção ambiental, conservando e plantando novas árvores, o
zelo pela coisa pública e a desobstrução das ruas, praças e áreas públicas,
oferecendo os meios necessários para se viver com dignidade. Penso nesta hora,
a humanização do trânsito, das praças, logradouros públicos e dos parques,
devendo ser seguido da descentralização do poder enquanto presença marcante nos
arredores de Manaus no formato de miniprefeituras com poder de interlocução
junto ao povo para acelerar o projeto político do governo Artur Neto.
Como foi dito acima, criatividade requer inovação e
profundo vinculo com a cultura (material e simbólica). Estas determinações encontram-se
em processo na escola. Para isso, é preciso que o prefeito Artur Neto repense a
gestão como um todo, como unidade diretiva assentada na educação escolar e nas
práticas sociais desenvolvendo plataformas de atuação que integre a escola a
comunidade e vice-versa, investindo na constituição do Conselho Escolar como
ação estruturante de Estado, como capacidade de operar o sistema municipal de
ensino em atenção às demandas locais. Para isso, é preciso repensar o modelo de
escola, qualificar os professores, gestores e a equipe dirigente para atuarem
como interlocutores junto à comunidade operando o monitoramento, os objetivos e
metas do projeto político pedagógico discutido e aprovado por todos e todas em
cumprimento a escola que queremos. Assim, a Escola se traduz em participação,
primando pela criatividade como processo de formação tendo como base o capital
local e os recursos disponíveis para a formulação de novos conceitos e projetos
visando o processo da aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo dos atores
presentes na comunidade escolar de modo inovador, criativo responsável.
(*) É
professor, antropólogo e coordenador do NCPAM/UFAM.
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