sábado,
11 de maio de 2013
E para não deixar a corda quebrar, os políticos e
governantes corruptos são orientados a investirem na mídia, multiplicando seus
feitos isolados em aparente política de Estado, convencendo os tolos por alguns
instantes a acreditarem que o que prometem fazem e o que dizem acontecem,
apostando no convencimento de seu carisma e na impunidade como salvo conduto as
próximas eleições.
Ademir Ramos (*)
Eleito, o governante procura de imediato constituir
o seu time para entrar em campo e fazer muitos gols. O povo quer gol, enquanto
resultado positivo das decisões, em atenção à cidade, a expectativa dos aflitos
e dos interesses dos poderosos que esperam também ser reembolsados com obras e
favores para multiplicação de seu capital. Isto pode parecer um grave problema
para alguns ou somente uma leve dor de cabeça para outros. Depende unicamente
do governante que opera a política, suas prioridades e seus compromissos.
Parece fácil, mas não é, porque no curso do processo eleitoral o candidato
assume certos compromissos que muitas vezes não pode arcar sem o sacrifício do
povo e a violação das normas constituídas. Os poderosos querem retorno imediato
enquanto o povo desarticulado fica na geral aguardando algum sinal positivo que
resulte em beneficio direto ou indireto a comuna local. O jogo vira um tédio e
o eleito rasteja na vala rasa da política.
O voto, dessa feita, transforma-se em mercadoria e
o governante e o parlamentar em mascote dos interesses econômicos dos grupos
dominantes, instrumentalizando as estruturas de governo para satisfazer com
verba pública seus caprichos e privilégios, não ocorrendo tal feito, começa a
vazar na “imprensa livre” e nas mídias sociais notas plantadas, desqualificando
o eleito, na tentativa de desestabilizar o seu governo e/ou seu mandato. O
“governante rabo preso”, com estas forças contrárias aos interesses coletivos,
nada operam em favor do povo, repetindo os velhos vícios das oligarquias
patronais, alimentando assim, os seus tutores políticos regionais seguidos das
práticas corruptivas. Nesses termos, as políticas públicas se reduzem em
bravatas midiáticas virtual ofuscando a realidade e embotando a consciência dos
eleitores. Esta política estropiada, casada com o despreparo técnicos dos
operadores mais ainda a falta de um projeto de Estado assentam-se numa prática
carismático-plebiscitária do patronato político promotor de eventos e gestos
messiânicos típico dos governos populistas, reduzindo o cidadão em mero
pedinte.
Está praga política se dissemina ainda mais quando
a desigualdade social impera e, consequentemente os males sociais se
multiplicam, excluindo as pessoas de usufruírem da melhor escola, da saúde, da
segurança, da habitação, da empregabilidade, da cultura e da ciência. E para
não deixar a corda quebrar, os políticos e governantes corruptos são orientados
a investirem na mídia, multiplicando seus feitos isolados em aparente política
de Estado, convencendo os tolos por alguns instantes a acreditarem que o que
prometem fazem e o que dizem acontecem, apostando no convencimento de seu
carisma e na impunidade como salvo conduto as próximas eleições.
Cansado do zero a zero, o povo bestializado pode
quebrar as barreiras e invadir o campo, transformando a tolice em loucura e
quem sabe criando as condições favoráveis para as mudanças estruturantes. Às
vezes não, o estranhamento do presente faz com que o povo prefira voltar à opção
do passado que arriscar-se em novas opções partidárias seja para o parlamento
como também ao poder executivo. Eis o legado que um governante e político
falastrão podem deixar para história.
(*) É professor, antropólogo e
coordenador do Projeto Jaraqui e do NCPAM/UFAM.
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